Um dia um paisano decide fazer um fato, por medida, para um casamento.
Quando, no dia anterior, o vai buscar e o prova, constata que uma aba do casaco está quase dez centímetros abaixo da outra.
Espantado, chama a atenção ao alfaiate.
- “A estas horas, não lhe posso corrigir esse defeito!” responde-lhe este, peremptório, e continua: - “Mas repare, que se o senhor levantar o ombro desse lado o casaco fica direito! O pobre adopta a posição, certifica-se que o fato fica certo, mas no minuto seguinte surpreende-se com as mangas tortas e o vinco das calças desalinhado.
O alfaiate, não se desmancha e propõe-lhe nova solução:
-“Repare que se atirar o cotovelo para fora e torcer a mão, a manga fica certa, e se meter o pé direito todo para dentro, não se vê uma ruga na calça!”, enquanto lhe mostra o espelho de esguelha e lhe facilita o arranjo para depois do evento.
O desgraçado, contrafeito, face à eminência de não poder ir ao casório, aceita.
…
No dia do casamento, depois de algum ensaio domiciliário, vai o homem pela rua em direcção à igreja, quando passa por um grupo de designers de moda que comenta entre si:
- “Ainda há quem diga mal dos alfaiates! Olha ali aquele fulano do lado de lá do passeio. Tão tortinho e com um fato que lhe assenta que nem uma luva!”
É assim a vida nos tempos de hoje, a entortarmo-nos cada vez mais para caber no sistema, que dá clara vantagem aos batoteiros.
Os três últimos anos da “era Sócrates” foram um fartar vilanagem para o oportunismo. Se até então poucos obstáculos havia para a progressão da mediocridade, a partir daí qualquer “bicho careto” “trepou” despudoradamente.
Não se espante pois o leitor, se algum “profissional credenciado” lhe propuser que se “torça” para que ele possa continuar a exercer o seu mister.
1 comentário:
Muito boa, esta "parábola"!...
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