Quando se conhecem as doenças ou a causa de morte de alguém, é inevitável que se atribuam “culpas”, procurando um antecedente que lhes dê sentido. Os excessos alimentares e físicos, os hábitos e até os acidentes têm justificação nos comportamentos que os facilitam. Tentamos tudo para não aceitar a enorme importância do acaso.
Ontem morreu um homem de quem se inveja a bonomia e a disponibilidade, daqueles que riem com a facilidade das crianças e que raramente elevam a voz. Foi esta a imagem que dele mantive nestes quarenta anos desde que o conheci.
O acaso tolheu-lhe os movimentos, deixando-lhe a mente fresca. Combateu como pôde a paralisia que progressivamente o tornou totalmente dependente, até azedar de mais não poder.
Dez anos a sentir que amanhã estará pior, é muito tempo, principalmente quando não há culpa que sirva de razão para tão fraco destino.
Não teve sorte! Morreu no meio de empregados, com a família dispersa pelo mundo.
Não há justiça na morte!
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