domingo, 20 de fevereiro de 2011

Insónia



Duas da manhã.
Não devia ter vindo embora, sem que a situação estivesse bem definida e estável. Ainda por cima deixando o problema entregue a quem já tem trabalho até aos olhos. Mas eram horas de saída e, até sentir que estava tudo bem, teria de ficar lá toda a noite.
Tirei-lhe 1200 ml de sangue do tórax, quando estava à espera de um líquido amarelo citrino e, por um momento, até pensei que lhe tinha entrado no coração com a agulha. A intenção nem era tratar, era dar-lhe algum conforto durante a noite.
Volto-me na cama para o outro lado, e volto a pensar tudo de novo, a doença, as imagens do TAC, a decisão de toracocentese e da drenagem, e aquela surpresa.
O doente sempre bem quer durante o procedimento quer nas horas seguintes, comigo inseguro à espera de qualquer descompensação súbita, a pedir sangue, plasma fresco e a medir sinais vitais de 10 em 10 minutos. Tudo estável a garantir que nada de grave se passou, mas a falta de explicação a manter a insegurança.
Mas, está feito! Vim embora. Agora toca a dormir, que amanhã perguntas.
Bem! Podes telefonar a saber se há novidade. Ainda marco 3 vezes o número. Dá interrompido. Telefonas amanhã. Vá! dorme! Se houvesse alguma necessidade e fosses necessário, alguém te ia telefonar,
Dorme!

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