sábado, 12 de fevereiro de 2011

Psiquiatrices 3


- Vai-me desculpar. Não me importei que o Sr. acompanhasse a doente, mas gostava de a ouvir primeiro!
- Mas, Sr. Dr.! Ela não está bem. Já é a segunda vez que chego a casa e ela bebeu whisky, e eu assim não a posso ter comigo, que eu ando em tribunal pela custódia da minha filha de dois anos.
– Cala-te, que me estás a chatear! interrompe ela. -Tu nunca estás em casa e deixas-me lá sozinha. E eu não estou bêbada. Não sei para que é que chamaste o INEM.
- Eu chamei o INEM porque tu tens de ser internada. Tu não estás bem!

- Calma! Há quanto tempo é que vivem juntos?
- Desde 25 de Janeiro. Conheci-a quando estávamos os dois internados em Psiquiatria. Eu tive alta no dia dezoito e ela no dia vinte cinco. Eu decidi ajudá-la, e levei-a para minha casa, mas ela não está a ajudar nada. Sr. Dr., tem de interná-la!
- Então vocês conheceram-se há menos de um mês. Levou-a para sua casa para a "ajudar", e agora quer que ela fique internada porque bebeu um copo de whisky, já que ela não me parece bêbada!
- Oh Sr. Dr.! Desde que lá está, já bebeu uma garrafa inteira. Eu ando à procura de emprego para mim e também para ela, e ela não percebe que eu não posso estar sempre ao pé dela.
- Mas há-de compreender que ela tem vinte e nove anos, que não está na terra dela e que por certo se aborrece por estar sozinha em sua casa.
- Sr. Dr.! Eu gosto dela, mas ela tem de ficar internada, que no fim-de-semana eu vou ter a minha filha comigo e, se calhar, ainda vou ter problemas com o tribunal!


- Vai-me desculpar, mas aqui há um grande equívoco. A sua companheira não tem nenhuma situação aguda a necessitar de internamento, o seu problema com a sua filha e o tribunal não vou ser eu a resolver-lho e esta coisa de viver junto ... não é nenhum jardim de rosas.
...

... mas o que me apetecia mesmo dizer-lhe é que só aceitamos devoluções com talão de compra!

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