terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Carta aberta a Passos Coelho





Caro Passos Coelho:

Esta é segunda vez que te escrevo. Na primeira avisei-te. Não quiseste esperar e avançaste como se tivesses solução para este drama. Agora temo que daqui a uns meses vás também estudar Filosofia, embora por motivos diferentes.
Quero dizer-te a minha admiração. Saíste melhor do que eu pensava. Essa de te rodeares de tecnocratas foi uma boa solução, e até acredito que eles estão a dar o seu melhor para pagarem o que se deve.
Mas esta máquina tem fugas por todos os lados. Aperta-se daqui e bufa acolá, e um pingo de solda queima sempre qualquer cola que atamancava a coisa, e surge novo trabalho. Não vais ter mão nisto. A Troika só cá está pelo dinheiro. Está-se a borrifar para o desenvolvimento do país.

A nossa sorte era que a Europa do Norte quisesse um bom sítio para férias ou para Lares para quem, no Inverno, goste de sair e sentir um solzinho nas costas.
Desenvolvimento liderado pela malta de cá, “já foi”! Ninguém acredita! Quem actualmente está num lugar decisório, está comprometido até à medula com o sistema. Se fizer muitas ondas, descobrem-lhe a careca e é comido vivo. O descrédito é total.
Também não tens massa crítica para mudar. O português “moderno” está programado para se safar no meio do barulho. Já se escaldou. Agora insulta, manda uns bitaites para o meio do barulho e fica a ver no que param as modas, e se notar uma cadeira vaga, salta para lá feito sonso.
Queres nomes? Para quê? Esbarravas logo em advogados ou num qualquer que conhece a secretária de alguém importante e lhe mete um papel “à má fila” debaixo do nariz para ele assinar de cruz e, de sarilho em sarilho, rapidamente ninguém sabe como tudo começou.

Tu pareces convencido de que vais continuar a poder vender esperança, confiança e "transparências". Mas quando a coisa ficar preta, ninguém vai querer continuar a ser vítima das opções dos bancos e de meia dúzia de empresas de construção civil. Essa gente não vai querer palavras. Vai querer “sangue” e está atenta às PPP que nos desgraçaram e a quem enriqueceu à sombra do Estado e se pavoneia de BMW, nas “Quintas da Marinha” e nos jantares no Tavares Rico. Quer ver esses processos que para aí andam resolvidos com celeridade e não este “encanar a perna à rã para se defenderem os direitos e garantias".
E és tu que tens de dar o mote. Não estás aí só para nos empobrecer. Tens de dar exemplos, e se fores complacente com o enriquecimento ilícito dos políticos (e não só) estás feito, porque de imediato o país vai dizer: “Ah ele é isso?” e desata tudo a dar o pior de si!

Mas não te esqueças que há que criar emprego, porque muita gente sem ter que fazer, cria uma instabilidade do caraças.
Deixa de pensar em "internacionalizações" que só resultam na fuga dos "Jerónimos Martins" e discute nessa Europa políticas solidárias, para que se dificultem as "deslocalizações" e se volte às coisas da terra, com ou sem "doutoramentos" em "choques tecnológicos".

Se precisares de ajuda, diz, mas não demores muito que, até eu que sou um "crente", estou a perder a fé.
Passa bem!

1 comentário:

Paulo F disse...

P. S.: E, caro Pedro Passos Coelho, se puderes, livra-te do Miguel Relvas.

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