quarta-feira, 21 de março de 2012

Colaboracionistas



No Reino da Mediocridade há gente capaz, honesta e disposta a proteger a sua área de influência da irresponsabilidade das chefias. O problema são os “colaboracionistas” que, por ignorância, calculismo, medo ou inércia, aceitam objectivos indefinidos ou errados.

As populações dos Municípios que mais contribuíram para os 12.000 milhões de euros de dívidas das autarquias, irão ser responsabilizadas por terem eleito representantes que os individaram com obra pública (rotundas, estátuas, estádios de futebol, ...) de utilidade duvidosa, e talvez assim aprendam a não dar ouvidos a quem promete o "bacalhau a pataco".

Mas falta responsabilizar criminalmente os políticos e os gestores públicos, que disponibilizaram dinheiro do Estado sem rigor ou norma e ... dar um puchão de orelhas aos "colaboracionistas".

Na Foto, de Agosto de 1944: A punição de uma "colaboracionista" francesa que vivia com um militar alemão, antes de lhe ser rapado o cabelo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pensava há muito visitar este blog, por admiração pessoal ao autor, mas só hoje me dediquei... Encontrei, de forma inesperada,a palavra colaboracionista, com a qual me cruzei algumas vezes nos livros de história que, de quando em quando, me aconchegam nos momentos de solidão. Mas a reflexão do autor, inteligente, perspicaz, sobressaltou a minha ingenuidade (ou será parvoíce?)de tal forma que decidi comentar esta análise. Pensei então: à primeira vista não fará sentido falar em colaboracionismo no nosso país, em tempo de paz (pelo menos aparente). Mas, a falar, o bom protuguês atribuíria, certamente, o papel de colaboracionista aos principais rostos do governo, no pressuposto de que colaboram com o principal inimigo do país (apontando com certeza aspetos ligados poder económico) em detrimento do bem comum dos cidadãos que, democraticamente e de boa fé, os elegeram.Mas o assunto parece não ser assim tão simples. Se olharmos em nosso redor, vemos as instituições, ao que parece, minadas por pessoas com este tipo de comportamento. E lá vem a questão: será por medo?ânsia de proteção?esperança de obter lucros ou favores do inimigo? (o bom português apontaria a última opção) Ou será simplesmente por parvoíce? O problema é que falamos de um só país, contra si mesmo, com pessoas que tomam atitude de verdadeiro invasor, mas, curiosamente, são cidadãos desse país. E onde estão os resistentes? Eles existem, mas recusam ou desistem de ocupar cargos que deles são por mérito com medo atroz de, imbricados nesta rede de novo colaboracionismo, perder a sua própria idoneidade, porque esses, não, não são parvos. E no meio de tanta parvoíce, fazia cá falta agora o nosso Gil Vicente para escrever um "Auto do Novo Colaboracionismo" ondem ao invés de um parvo, encontraríamos um sem fim deles, mas na verdadeira aceção do termo.

capitão disse...

Caro anónimo:
Obrigado pela admiração.
Tenho para mim que há responsabilidades acrescidas em quem tem um curso superior e vive num país “democrático”.
Entendo que eles não podem “simplesmente” cumprir ordens, e que são obrigados a pensar nas repercussões delas, a curto, médio e longo prazo, e é neste sentido que escrevi o post.
Colaborar em soluções insustentáveis ou que vão redundar em graves prejuízos, não pode ser desculpável a quem tem um curso “superior”, ou que, por uma qualquer razão, assumiu responsabilidades superiores.
Não tenho nada contra o poder económico se ele se submeter a um poder político que defende o bem público, mas tenho tudo quando os representantes do povo, a troco de benesses (presentes ou futuras), vão para as tribunas com falácias, enquanto a “elite” se procura “safar”.
Este post é dedicado a quem se “safou”, da extrema esquerda à direita radical. A todos os que condescenderam a troco de mais umas horitas extraordinárias, de um contrato individual de trabalho que “ofende” os pares, de um emprego para um familiar, de um fechar de olhos para uma obra de utilidade duvidosa e com os custos da manutenção não calculados, etc.…, etc.…, etc. … .
Como neste país a massa crítica dos “resistentes” é menor que a dos “oportunistas”, estamos votados a estes tropeços cíclicos, que nos impede de ser europeus por direito e não por favor.
Dito isto, não creio que Portugal possa continuar na UE sem que uma Troika, Bruxelas, Berlim ou alguém de fora nos obrigue e proteja de nós próprios, pelo menos nas próximas décadas.
Talvez esteja a ser pessimista, mas quanto mais ouço, mais sinto que a maioria da nossa "elite" cumpriu ordens, sabendo que muitas delas nos levariam a situações insustentáveis. E se não sabia, devia saber!!!
E com gente desta, … não vamos lá !!!
Não é um Governo que dá volta a isto. A democracia cumpre-se no dia a dia e em todo o lado. Não é só na Assembleia da República.
Não podemos ter Instituições entregues a quem atemoriza para não ter contestação interna.