segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Caminho francês de Santiago

Segundo os Estudos Galegos da Universidade Nova de Lisboa, "já muito antes da data apontada pela igreja para a descoberta da tumba do apóstolo, existia uma rota de peregrinação (romana e anteriormente celta), que ia do extremo Este ao Oeste de Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de peregrinação, simbolizava a viagem do sol de Oriente para Ocidente, “afogando-se” no oceano para voltar a surgir no dia seguinte. O renascer do Sol estaria intimamente ligado com o renascer da vida; fala-se também de uma rota para o templo de Ara Solis em Finisterra, erigido para honrar o Sol. Hoje em dia, são muitos os peregrinos que chegando a Santiago resolvem continuar o Caminho até Finisterra o que põe em causa a definição da rota apenas como uma peregrinação religiosa católica".

Este “caminho francês de Santiago” tem numerosas construções arquitectónicas de interesse histórico (românico, gótico, barroco e neoclássico). Foi revitalizado nos anos 60 do século passado e de modo mais acentuado depois do ano Jacobeo de 1993 - quando o dia do apóstolo Santiago Maior (25 de Julho), coincide com um domingo. Nestas datas a peregrinação equivale a uma a Jerusalém e a Igreja concede indulgência plenária - o perdão para todos os pecados.

Agora “está na moda”, e junta-se às  inúmeras outras rotas que desportistas de todo o mundo percorrem dos mais variados modos - a pé, de BTT, a cavalo, de uma só vez, ou por grupos de etapas cumpridas em diferentes anos.

É surpreendente a longevidade deste trajecto e o seu efeito multiplicador noutros trajectos, que em grande parte se deve às "miraculosas" melhorias que efectuava nos primeiros séculos do 1º milénio, sobre os peregrinos com ergotismo
Durante sete séculos a ordem dos Hermanos Hospitalarios de San Antonio, construíram ao longo de todo o seu percurso, hospícios e mosteiros para receber e "tratar" os peregrinos apoquentados pelo "fogo de  Santo António", e a sua eficácia projectou-os muito para além da península ibérica, quando o benefício se devia essencialmente à alteração da dieta, passando a comer pão de trigo em vez do de centeio cheio de maleita.

Agora o caminho está a voltar às origens. O que mais se vê são orientais, malta do desporto e curiosos que se medem com a dificuldade enquanto se esforçam por entender a lenda que diz que Tiago, um dos primeiros discípulos de Jesus, decapitado no ano 44 D.C.,  embarcado e trazido para a Galiza para ser sepultado, foi descoberto no ano de 813 D.C., depois de uma chuva de estrelas ter avisado um ermitão. 

Eu, que gosto de histórias, só entendo esta como um engenhoso marketing religioso, que se apodera de uma marca pagã em decadência, para vender um produto, fundamentando-o na necessidade humana de sair do seu ambiente tradicional, para ir mais além na compreensão do mundo.
Felizmente que assim também se desenvolvem regiões.

2 comentários:

aguerreiro disse...

A estória do Caminho de Santiago começa a ficar demasiado batida e demodée. Agora está na hora de chamar á coleção o Santiago Matamoros (que é o que está a dar), que tão boas provas deu desde a batalha de Clavijo e que o Generalíssimo e seus sucessores se esforçaram em travesti-Lo em "Santiago apostol e "pellegrino". Agora tem que retomar o grito de guerra dos tercios:- "cierra España e vamonos á los moros"

capitão disse...

Coitados dos mouros. Não precisam de ajuda do Santiago para se matarem uns aos outros.