quinta-feira, 6 de agosto de 2009

o Afogado


-É pá! Larga tudo e vem comigo!
-Mas quê? É alguma coisa urgente?
-Anda, que depois vês!

E arrastava-me pelos corredores, pela enésima vez, com a sensação de que havia mais barulho na sua cabeça que no corpo do doente.
Era assim desde que o conheci, com aquela ansiedade à flor da pele, a chamar recursos para que nenhuma responsabilidade lhe pudesse ser assacada.

-E foi para isto que me obrigaste a vir a correr? ... Eu não estou aqui para tratar a tua ansiedade! ... Vais-me desculpar, mas eu volto para onde estava e venho cá depois!
-Faz como quiseres! Mas eu vou escrever, que tu vieste cá e que não fizeste nada! E se qualquer coisa acontecer, já não é comigo!


Era incapaz de resolver um problema sozinho, tinha que ter sempre alguém por perto e, se deixava qualquer situação instável, era o telefone que lhe dava continuidade, para que se não dissesse que ele não cuidou.
Talvez fosse obsessivo/compulsivo!

Mas que raio de doença para aquela responsabilidade!

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