quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os Cuscos


O Cusco existe em todas as espécies animais, mas no homem assume particular expressão. Ser Cusco é um estado de alma, uma pulsão acima de qualquer conveniência, que impele para a presença onde só atrapalha.

O Serviço de Urgência de um Hospital, é um dos locais eleitos dos Cuscos, que surgem de todo o lado, dos doentes e seus familiares, aos profissionais (mais difíceis de controlar).
É na Sala de Emergência que são mais perniciosos. É o socorrista que persiste, são os auxiliares e os enfermeiros de uma outra área que entram e ficam sem função. Os médicos são os que menos cuscam.

Nenhum deles ajuda, apesar do seu pseudo-propósito. Primeiro porque raramente são necessários, e depois, porque não se disponibilizam para suprir as falhas nos sectores deixados a descoberto.

O Cusco não observa para aprender porque o Cusco “já sabe”. O Cusco quer ver "para contar", de início, logo ali para distrair quem trabalha e mais tarde, no seu círculo, com pele de repórter de tablóide, a ampliar os factos, acertando a realidade à exigências do público daquela hora.

3 comentários:

Guilherme de Carmo disse...

Na sala de emergêcia, eu prefiro "cuscos" a fantasmas.
De facto existem muitos cuscos num SU, mas numa Sala de emergencia acho que muito poucos são aqueles que entram com a intenção de "cuscar".
Se não forem necessários devem-se afastar, deixar trabalhar, observar e aprender, porque as aprendizagensa não são apenas nos livros, são no campo e aí é que elas se tornam mais enriquecedoras.
Ainda bem que os enfermeiros de uma outra área entram, porque nem sempre ficam sem função. É sinal de espírito de equipa, entreajuda, é por isso que de facto os médicos são os que menos cuscam.

capitão disse...

E a minha tia Antónia que gostava de dizer coisas, disse: Pois!
"Raul Solnado"

Guilherme de Carmo disse...

Raul Solnado, Deus o guarde! Um homem com o verdadeiro sentido de humor... podia ter deixado um pouquito para alguns de nós.