- “A situação não aparenta perigo, mas vai ter de ser observado pelo neurologista antes da alta”.
Tinha sofrido um traumatismo craniano no dia anterior e fora-me passado com essa indicação, embora o doente estivesse bem. Por norma, Neurologia passava pelo serviço ao fim da manhã.
…
À hora do almoço, Neurologia não tinha aparecido. Enviei um BIP (era assim que se fazia nessa época) a solicitar a sua presença e, passado pouco tempo, recebo um telefonema dele a desculpar-se e a informar-me que “iria demorar, pois estava a sair de Coimbra”.
Embora estranhando que alguém “à chamada” se tivesse deslocado para tão longe, fui junto do doente justificar a demora por um imprevisto, pelo que teria de esperar ainda mais duas horas, do que pedia desde já desculpas.
Perto da hora do lanche, como a situação continuava por resolver, enviei novo Bip que resultou em nova chamada telefónica, com a reconfortante informação de que “estava quase a chegar…”.
Aí exigi maior precisão e perguntei-lhe: - "Mas já chegaste? Aconteceu-te alguma coisa?"
- "Estou quase, já vou em S. João da Madeira!" respondeu.
- "Mas tu já saíste há horas de Coimbra, o que é se passa?"
Só minutos depois, no decorrer da conversa, é que me apercebi que o clínico … vinha de bicicleta…
História de XXX
3 comentários:
surreal.. Hilariante.. Habitual
Este texto, escrito por um Chefe de Equipa chega a ter piada!
Gostava de lhe lembrar, porque o Sr. tem memória curta quando lhe convêm, o dia em que os Enfermeiros do SU, com autorização do saudoso Director do Hospital (DR Torcato) foram tomar o pequeno-almoço ao bar em frente, e o Sr. tentou tramar os Enfermeiros.
O Sr. não é dos que controla, ou melhor, tenta controlar os Enfermeiros, no período das refeições …!
Mas o Sr. também só implica com este e com os Enfermeiros, e…os outros !! São intocáveis, ou metem-lhe respeito?
A história - não é minha e só dela tomei conhecimento há uma semana.
Pelo uso de Bip, deve-se ter passado há mais de 10 anos.
Quanto a essa de eu tentar "tramar os enfermeiros", é a sua opinião!
Eu entendo que me preocupei em defender que todos (a começar por mim) cumprissem as normas que a Instituição aprovou, para que se não agravassem “os mínimos” com que frequentemente nos debatemos, e que não houvesse grave prejuizo para os utentes.
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