Tem na pele as marcas do sal e do vento dos muitos anos de mar. Uma sobrancelha grossa, quase única, assoma por baixo de um boné com um “Beauty Hunter” flamejante sobre a pala, a encobrir os olhos pequenos e escuros onde o branco mal se vê. Veste calça e camisola preta sobre uma camisa vermelha coçada. Nos pés meias brancas e sapatilhas castanhas. No anular esquerdo um volumoso anel agiganta-lhe as mãos calosas.
Saúdo-o, e ofereço-lhe a cadeira em frente. Senta-se e recosta-se enquanto põe as mãos cruzadas atrás da nuca.
Pergunto: - Como tem andado! Tem tido a dor?
-Vou morrer com ela!
-Tem ido ao mar?
-Só fui 3 ou 4 vezes!
-Porquê? Pela dor?
-Tenho medo da polícia marítima. É que 300 contos de multa, é muito dinheiro! Eu estou reformado, e não posso trabalhar no mesmo. … A dor não é como a de 2000, nem coisa que se pareça. Quando me deito a pensar nas coisas da vida é que ela vem a dar uma fugidinha no peito.
História de S.O.
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