segunda-feira, 4 de julho de 2011

O novo Quinado



Poucos medicamentos resistiram tanto ao tempo como o quinino (sulfato de quinina) que ainda hoje é o fármaco mais eficiente no tratamento da malária causada pelo Plasmodium falciparum.

A quinina é um alcalóide extraído da casca da Chinchona, uma árvore originária do Peru, a cuja família também pertence o café.
As suas propriedades antipiréticas, analgésicas e antipalúdicas eram conhecidas dos Incas e os conquistadores espanhóis nos finais do século XVI, divulgaram-nas no ocidente para tratamento das “febres”.
Os colonos ingleses na Índia e África tomavam diariamente uma infusão de hidrocloreto de quinina com soda para a profilaxia da malária. Pelo seu sabor amargo chamaram-lhe Água Tónica e, para a tornar mais tolerável, adicionavam-lhe Gin.

A “Água Tónica” que actualmente conhecemos, foi patenteada como refrigerante, em Inglaterra, em 1858. Possui uma pequena quantidade de quinina (~5 mg/l), sem qualquer efeito terapêutico, pois para o tratamento da malária são necessários cerca de 1,5 g/dia.




Adriano Ramos Pinto foi a reboque e, com o seu Vinho do Porto Quinado, no início do século XX, teve sucesso no Brasil e nas antigas colónias portuguesas, apregoando-lhe propriedades preventivas da malária e tónico reconstituinte, pese embora as mínimas doses de quinino.
Agora abandonaram-se as "virtudes terapêuticas" e propõe-se o “PORTONIC”, um aperitivo: Gelo, 2/3 de água tónica e 1/3 de Porto Branco Seco ou Reserve Ruby, uma rodela de laranja ou limão e duas folhas de hortelã pimenta, num copo alto, e tem-se um refresco onde se começa a dizer “nada mau” e se acaba a pedir nova dose.
Vamos experimentar?

1 comentário:

capitão disse...

A Quinina aparece agora na cosmética para “cabelos fracos e sem brilho”, pois o seu extracto é “altamente fortificante e estimula a actividade do bolbo capilar” – publicidade ao KLORANE BALSAMO, e a “Medicina Naturalista” pouco fala nela para a profilaxia de caimbras.