Eu não ia lá muito com a sua figura, mas não lhe posso negar o encanto. Era pequeno, gordo, de olhos esbugalhados e sorriso constante. Entrava e saía com uma chalaça, o que lhe facilitava a vida e a de quem, mais íntimo, o procurava. Os doentes eram para depois, porque era assim que havia instituído e fora aceite. Mas estes também não esperavam muito.
- “Então que tem a criança?”, perguntava, enquanto auscultava, palpava, passava a receita e chamava o próximo.
-“Não se preocupe com o Dr. Zézé, que ele vê todos os miúdos que estão lá fora antes do almoço!”, e já eram onze horas, e eu com medo de os ter de ver, mais aos adultos que chegavam continuamente ao SU.
Ofendido com aquele despacho, questiono-o naquilo que me parecia ser "terapêutica ao sintoma".
E ele sem se desfazer, a perguntar-me: -“Sabe qual é a diferença entre um médico novo e um médico velho?” e, quando eu tentava desenvolver a "teoria da acomodação", ele contrapôs: - “É que um médico novo, cora quando o doente lhe paga, e o médico velho, cora quando o doente não lhe paga!”
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