Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado.
Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
domingo, 4 de abril de 2010
Corrida de Galgos
Há anos, num programa de TV, uma artista indiana falava de Calcutá, dizendo ser uma cidade maravilhosa, onde numa mesma rua se podia estar em todos os séculos, do XI ao XXI. Então, eu ainda não entendia a Índia como um dos BRICs, mas deu-me para pensar que não faz falta “mais ciência”, antes de “integrar o muito que já se sabe”.
Nos dias de hoje, os indivíduos mais esclarecidos, vivem diariamente o medo da desactualização, quer na profissão quer nos dispositivos ou funcionalidades que continuamente surgem, pois sentem-na como um espectro que os poderá relegar para a marginalização social, e assim, junto com os menos esclarecidos, passarem a viver na dependência da "boa vontade dos outros”.
Temos facilidades de deslocação e acessos democráticos à informação, mas falta-nos o "tempo para pensar", neste dia-a-dia em que esbracejamos para melhorarmos o posto que ocupamos. Aprendemos a correr contra o tempo. Deitamo-nos tarde e acordamos cedo atrás das lebres mecânicas, quais galgos, na esperança (vã) de as apanhar. Deslumbramo-nos com o acessório e aplicamo-lo, para depois o substituirmos por ineficaz ou prejudicial, para de seguida repetir os mesmos ciclos em nome de uma actualização que responde às necessidades das Economias e não dos indivíduos. Perdemos a noção do Equilíbrio como fonte de bem-estar e fazemos do “muito” o paradigma do bom.
Não critico a tecnologia que permite soluções que prolongam a vida humana e dá comodidades. Mas vejo nesta corrida de galgos um impedimento à coesão social, e um caminho curto para a nossa aniquilação como espécie.
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