domingo, 9 de janeiro de 2011

Carta fúnebre a Carlos Castro
























Morreu aos 65 anos, assassinado e sexualmente mutilado pelo seu amante de 21 anos.

Foste o grande promotor do glamour sintético das revistas dos quiosques e contribuíste, com o futebol, para a conversa da treta nos espaços públicos.
Moldaste a vida para que se falasse de ti e daqueles que apostam no “irreality show” e foste um criativo desse circo que formata o gosto das meninas dos shopping e afins, onde o insólito de feira embasbaca a populaça e esconde a aridez da ignorância.
Agora com o teu mundo nas primeiras páginas, todos procuram os flash e aqueles segundos decisivos para uma carreira na prestidigitação do supérfluo que serve de encobrimento aos negócios, que o público, aplaudindo licita.
Eu não vou sentir a tua falta, pois não admiro nem o estilo nem as paixões, mas a sociedade precisa de espectáculo, mesmo que ele seja sórdido e crie monstros ou vazios tão grandes que sorvam jovens na ilusão de risos e de amores assépticos.
Parece que foste inábil nesta tua última paixoneta, pois não te hão-de faltar culpas em tudo o que aconteceu, ao iludires o jovenzito com as facilidades que o dinheiro dá. Mas o “show must go on” e quem te seguir irá sorver esse espaço onde as feras se trucidam por um segundo de glória e morrem se esquecidas.
Repousa em paz, que eu espero para mim um céu sem flashs, nos teus antípodas.


Adeus!

3 comentários:

JARRA disse...

A moral judaico cristã, impede-nos de ficarmos contentes quando acontece o mal a alguém de quem não gostamos, tal como ficamos contentes quando acontece o bem a quem nós gostamos!
Ontem também, o Jardim não resistiu ao primeiro dia de campanha do candidato Coelho.
Duas oportunidades perdidas!

maravilha disse...

estou espantado ao ler os comentários odiosos de "à beira lethes"... quanto ódio, quanta falta de respeito perante um ser humano que foi ASSASSINADO por outro, louco ou, pelo menos, fez o que fez num momento de total loucura. é totalmente inútil, criticar o trabalho que alguém fez, uma vez que está morto, é atitude de fraco, quem não teve coragem de dizer na cara. quer goste quer não goste do carlos castro, perante o que lhe aconteceu, NADA, REPITO: NADA justifica o que sofreu. qualquer tentativa neste sentido é moralmente condenável!

capitão disse...

Caro Maravilha:
Ignoro se é meu leitor, ou se caiu aqui por acaso e decidiu ler o texto do modo mais ofensivo.
Escrevi-o deste modo sem conhecer pessoalmente o Sr. Carlos Castro e o seu suposto amante, nem tão pouco as circunstâncias em que os factos ocorreram. Pus em questão não as pessoas, mas o culto por este tipo de jornalismo e modo de estar na vida, que influencia significativamente a população mais inculta induzindo-a a comportamentos não sustentáveis para a maioria que neles investe, e que causa desequilíbrios pessoais e das suas pequenas comunidades que são posteriormente difíceis de controlar.
Lamento a morte de Carlos Castro tanto como a loucura do jovem Renato Seabra que até aí não consta que fosse um potencial delinquente.
Quanto a criticar o trabalho de alguém recentemente morto, não vejo porque não o fazer. Tarde o cedo alguém o faria. Uns dirão que ele foi um exemplo a seguir. Outros, como eu, dirão o contrário. Não vejo nisso qualquer desrespeito.
Quanto aos factos que envolveram o crime, não os mencionei, por os desconhecer, mas fossem quais fossem, não me parecem indiciar um assassínio premeditado, e como tal resultou de uma deficiente gestão de conflito que alguém com 65 anos, naquela circunstância, deveria saber gerir.
P.S. Por mera coincidência tinha recentemente falado sobre este tema no post que coloquei a 28 de Dezembro de 2010. Desta vez com os intervenientes vivos.