Quando ouço a vontade de destruir o estado social, que entendo ser o único processo de garantir a estabilidade de uma nação, contra o arbítrio de uma economia fundamentada no lucro, vêm-me memórias que não têm nada a ver com políticas, mas com posturas dos profissionais do Estado.
A história passa-se num Serviço de Urgência de um Hospital do SNS em finais dos anos 80, e tem por intervenientes dois médicos. Um em início de carreira, preocupado com o bem-estar dos doentes e outro mais velho, com funções de chefia, preocupado unicamente com o número de doentes em macas num corredor cronicamente atafulhado.
Numa dessas macas está uma jovem mulher, que se queixa vivamente de uma dor de cabeça, o que desperta uma jovem médica para a ir observar, ignorando que ela já tinha sido avaliada pelo seu colega mais velho.
Já quase no final do seu exame físico, a médica ouve-o dirigir-se-lhe com ar autoritário, informando-a: “Essa doente é para ter alta e ir embora. É tudo do quinto andar!”, tentando assim explicar as queixas como dependentes de qualquer estado de ansiedade, coisa que só poderia ter essa interpretação por quem, com qualidade, tivesse excluído todas as outras possibilidades, o que não era o caso, pois o médico em questão, na prática recente, nunca provara interesse ou competência.
O diagnóstico dela era o de um processo neurológico agudo, a merecer exames auxiliares num Hospital Central, pelo que lhe respondeu: “Dr.!, Pode ser do quinto andar, como lhe chama, mas não é para ter alta! É para transferir para um Hospital que tenha Neurocirurgia!”
E em resposta ouviu: “Também está bem!”
É este o actual estado de coisas no país. “Também está bem!”. Defende-se hoje uma solução e amanhã outra porque não há brio profissional e nada tem consequências. Também as chefias abdicam de impor qualidade, pois frequentemente foram tomadas de assalto por quem pactua com uma solução e com a sua contrária, a coberto de “urgente necessidade de implementar políticas” ditadas por não se sabe quem, nem para quê.
Numa dessas macas está uma jovem mulher, que se queixa vivamente de uma dor de cabeça, o que desperta uma jovem médica para a ir observar, ignorando que ela já tinha sido avaliada pelo seu colega mais velho.
Já quase no final do seu exame físico, a médica ouve-o dirigir-se-lhe com ar autoritário, informando-a: “Essa doente é para ter alta e ir embora. É tudo do quinto andar!”, tentando assim explicar as queixas como dependentes de qualquer estado de ansiedade, coisa que só poderia ter essa interpretação por quem, com qualidade, tivesse excluído todas as outras possibilidades, o que não era o caso, pois o médico em questão, na prática recente, nunca provara interesse ou competência.
O diagnóstico dela era o de um processo neurológico agudo, a merecer exames auxiliares num Hospital Central, pelo que lhe respondeu: “Dr.!, Pode ser do quinto andar, como lhe chama, mas não é para ter alta! É para transferir para um Hospital que tenha Neurocirurgia!”
E em resposta ouviu: “Também está bem!”
É este o actual estado de coisas no país. “Também está bem!”. Defende-se hoje uma solução e amanhã outra porque não há brio profissional e nada tem consequências. Também as chefias abdicam de impor qualidade, pois frequentemente foram tomadas de assalto por quem pactua com uma solução e com a sua contrária, a coberto de “urgente necessidade de implementar políticas” ditadas por não se sabe quem, nem para quê.
Também está bem!. Ou tem alta, ou vai transferida!. Também está bem! Desde que vá daqui para fora, tudo está certo. Se morrer! Também está bem! Se se curar, melhor. Também está bem!
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