- E quando é que isso foi?
- Sei lá. Talvez em meados de 1950. Eu era responsável pela Brigada do Sul do Fomento Mineiro e tinha delegado no Arnaldo a tesouraria. Ele era um bom funcionário. Talvez fosse informador da PIDE, porque me avisou que lhe tinham perguntado coisas sobre mim, mas, nessa altura até o médico lá de casa, quando eu lhe disse que devia ser o único funcionário público superior, de Beja, a não ter ido votar, ele respondeu: “Não foi o único! … Houve outro!”. Estava tudo vigiado! Isso deve ter sido depois da eleição do Craveiro Lopes.
Mas voltando ao Arnaldo. Um dia o Director de Serviço, que estava no Porto, telefonou-me a perguntar quem era o responsável pelas contas, e que ia mandar auditar a contabilidade da secção. Disse-lhe que isso era da minha responsabilidade, mas que tinha delegado essa funções no Arnaldo. Bem! Veio então o Gonçalves! Lembras-te dele! Era um tipo muito educado e correcto. Passou aquilo a pente fino e viu que faltavam catorze contos. Na altura aquilo era muito dinheiro. Eu ganhava mil e seiscentos escudos por mês e os operários que andavam no campo ganhavam quinze escudos por dia. Vê lá! Ele não devia ganhar mais de quinhentos escudos.
Quando soube daquilo, chamei dois agentes técnicos que tinham metido vales, um de nove e outro de dois contos, para que pagassem. Um deles pagou logo, o outro ainda teve de pedir dinheiro ao Banco. Quanto ao Arnaldo, foi um problema, já que ele não deu qualquer explicação. Dei-lhe um prazo. Depois veio a mãe chorar, e por fim ou vendeu qualquer bem ou conseguiu um empréstimo e pagou.
Uns meses depois passou por lá o director em visita de rotina, e no meio de outros assuntos perguntou pelo caso. Disse-lhe que ele tinha pago e que a partir daí a contabilidade tinha voltado à minha responsabilidade directa, mas ele não ficou satisfeito e disse-me: “Ele tem de ir embora!” e assim foi. Chamou-se o homem e ele pediu rescisão do contrato.
Nessa altura não se contemporizava com certos erros. Não era como agora!
- Sei lá. Talvez em meados de 1950. Eu era responsável pela Brigada do Sul do Fomento Mineiro e tinha delegado no Arnaldo a tesouraria. Ele era um bom funcionário. Talvez fosse informador da PIDE, porque me avisou que lhe tinham perguntado coisas sobre mim, mas, nessa altura até o médico lá de casa, quando eu lhe disse que devia ser o único funcionário público superior, de Beja, a não ter ido votar, ele respondeu: “Não foi o único! … Houve outro!”. Estava tudo vigiado! Isso deve ter sido depois da eleição do Craveiro Lopes.
Mas voltando ao Arnaldo. Um dia o Director de Serviço, que estava no Porto, telefonou-me a perguntar quem era o responsável pelas contas, e que ia mandar auditar a contabilidade da secção. Disse-lhe que isso era da minha responsabilidade, mas que tinha delegado essa funções no Arnaldo. Bem! Veio então o Gonçalves! Lembras-te dele! Era um tipo muito educado e correcto. Passou aquilo a pente fino e viu que faltavam catorze contos. Na altura aquilo era muito dinheiro. Eu ganhava mil e seiscentos escudos por mês e os operários que andavam no campo ganhavam quinze escudos por dia. Vê lá! Ele não devia ganhar mais de quinhentos escudos.
Quando soube daquilo, chamei dois agentes técnicos que tinham metido vales, um de nove e outro de dois contos, para que pagassem. Um deles pagou logo, o outro ainda teve de pedir dinheiro ao Banco. Quanto ao Arnaldo, foi um problema, já que ele não deu qualquer explicação. Dei-lhe um prazo. Depois veio a mãe chorar, e por fim ou vendeu qualquer bem ou conseguiu um empréstimo e pagou.
Uns meses depois passou por lá o director em visita de rotina, e no meio de outros assuntos perguntou pelo caso. Disse-lhe que ele tinha pago e que a partir daí a contabilidade tinha voltado à minha responsabilidade directa, mas ele não ficou satisfeito e disse-me: “Ele tem de ir embora!” e assim foi. Chamou-se o homem e ele pediu rescisão do contrato.
Nessa altura não se contemporizava com certos erros. Não era como agora!
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