segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ao meu pai!


Tem calma! Podes queixar-te, mas não exageres, que se tivesses nascido noutra época, se calhar tinham-te morto, por causa dessa tua crença de que a verdade vence sempre. Nem parece que viveste lúcido nestas últimas nove décadas.

Há dois anos decidiste dar corpo ao texto, expondo as tuas feridas e as que tentaste evitar neste corpo que somos todos nós e a que chamamos Nação, analisando o apogeu e queda da instituição (Serviço de Fomento Mineiro / Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos) a que te dedicaste, muitas vezes sobrepondo-a à família, para que fosse uma das riquezas do país.

Mas tu, que lidas mal com a incompetência, confiaste nos teus pares e foste surpreendido pela sua fragilidade face às "conveniências e às contas bancárias".
Também tiveste azar com o voluntarismo ignorante misturado com todo o tipo de oportunismo do 25 de Abril, que levou a que quem nada entendia da vida nem do saber, decidisse sobre os teus pareceres técnicos. Só podia dar no que deu.

Mas deixa lá. Fazes hoje 90 anos e manténs boa memória e capacidade intelectual. Alimentas ainda a esperança de que se reescreva a História, e se coloque o teu nome à frente de muitas das minas de Portugal, entre as quais estará necessariamente Neves-Corvo. Mas não contes com isso, que quem se move nos corredores do poder, não vendo nisso qualquer interesse particular, deixará tudo como está.

Dá graças pela saúde que tens e por ter havido peças para os teus pequenos achaques, para que continuemos a levantar as taças e a desejar “Que os nossos filhos tenham pais ricos, e que as nossas mulheres nunca fiquem viúvas!”
Parabéns!

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