terça-feira, 24 de agosto de 2010

Hipermercados de Medicina

Ainda vivi o tempo em que a maior parte dos que disponibilizavam serviços, tinha nome. Não havia preço único nem certificação pela CE, a garantia era dada pela honra, e o bom-nome construía-se no dia a dia.

Há uns anos visitei Marraqueche, e nas voltas de turista fui levado a um armazém, onde um touareg me confrontou com um chá de menta a adocicar uma longa conversa sobre tapetes e sobre as generalidades da vida. O negócio terminou quando se atingiu o equilíbrio entre as nossas capacidades económicas e a força dos nossos desejos.

Só anos depois me deu para pensar naquele estar como ... a "garantia do tapete", numa região onde todo o homem que se preza é vendedor, e o “negócio” (nec-otium – negação do ócio) é o cimento social.
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Ultimamente tenho-me confrontado com práticas tipo "hipermercado de saúde", onde o vendedor se faz vagamente representar pela menina asséptica da caixa registadora. E neste pensar, rebobino o passado e identifico-me com o touareg, que dá a cara pelo negócio, mesmo sabendo que posso estar ... "fora de moda"!

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