segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Diáspora - 3


















Tem 75 anos. Nasceu por aqui e quis ser serralheiro mecânico. Aos 17 anos concorreu para aprendiz. Deram-lhe como prova de admissão, cortar um pedaço de aço e fazer um cubo com 4cm de aresta. -"Éramos muitos e a maior parte nem sabia montar a serra manual. Eu fiz o trabalho bem feito e não fui admitido, e vi passar à minha frente quem trazia carta do Bispo de Leiria. Ainda me inscrevi na Marinha e até cheguei a prestar provas em Caxias, mas o meu pai, que era anti-Salazar, impediu-me - "Não vais servir o Exército!", disse.
-Fui para o Brasil, onde tinha o meu irmão mais velho. Cheguei a gerente de uma fábrica de material eléctrico no Rio de Janeiro. O meu nome era conhecido em todos os estados. Andava pelas exposições e feiras na Europa e copiava tudo o que via. À noite, no hotel, desenhava aqueles circuitos eléctricos que vira nos certames e nas fábricas dos nossos fornecedores. Os brasileiros são como os chineses. Copiam tudo. Mas em 1990, "uma família passou-me a perna", e eu deixei a firma. Depois a empresa foi-se abaixo. Gente que só pensa em dinheiro!
- Vinha cá muitas vezes de férias, e em 1994, voltei de vez com a minha mulher. Eu lá pagava o equivalente a 450 Euros por mês para um Seguro de Saúde, e não tinha metade do que aqui tenho. É só por isso que eu não volto para o Brasil. A saúde lá, é um problema gravíssimo, Dr.!"

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