sexta-feira, 1 de agosto de 2025
quinta-feira, 31 de julho de 2025
Cruzeiros e Pelourinhos
Os Cruzeiros de adro representam a sacralização do
espaço em redor da igreja ou capela. Funcionam como “marco de fé” e são vistos
como uma proteção espiritual contra males, calamidades ou tentações que
pudessem atingir a comunidade.
A cruz lembra o sacrifício redentor de Jesus e convida os fiéis à oração e
meditação, mesmo fora das horas de culto.
Servem como ponto de partida ou de chegada de procissões, peregrinações ou do
acompanhamento de funerais.
Muitos apresentam inscrições ou datas que registam acontecimentos
significativos.
Os Cruzeiros nos caminhos
eram uma forma acessível de marcar a fé da comunidade, sobretudo nas zonas
rurais sem recursos para erguer grandes monumentos.
O Minho, um dos principais corredores do Caminho Português de Santiago,
utilizou estes cruzeiros como marcos de orientação e locais de oração para os
peregrinos em viagem. Estrategicamente colocados em entroncamentos, saídas de
aldeias ou locais perigosos, estão frequentemente associados a lendas locais: “Aqui
morreu alguém e ergueu-se o cruzeiro.” “Aqui houve um milagre e colocou-se a
cruz como sinal de agradecimento.” Algumas famílias ou confrarias
ergueram-nos como ex-votos (promessas pagas por uma graça alcançada).
….
Os Pelourinhos têm uma função totalmente diferente
dos cruzeiros, embora ambos sejam marcos de pedra normalmente erguidos em
locais centrais e de grande visibilidade.
Os pelourinhos eram símbolos do poder e da autonomia municipal, exibindo muitas
vezes o emblema do poder concelhio.
A sua existência significava que a localidade possuía foral (direito outorgado
pelo rei) e podia governar-se em certos aspetos (justiça local, mercado,
impostos).
Serviam também como local de execução de penas públicas leves, como a exposição
de criminosos à vergonha pública, açoites ou outras punições corporais —
práticas com um objetivo dissuasor, mostrando a aplicação da lei de forma
pública.
Assinalavam que aquela vila ou cidade tinha jurisdição própria, distinta de
outras terras sob domínio senhorial ou régio, e eram ainda um símbolo de
orgulho local. Muitas vilas faziam questão de ter um pelourinho monumental e
trabalhado.
A época de maior difusão destes monumentos foi entre os séculos
XV e XIX (embora alguns sejam mais antigos). Com a extinção dos forais e do poder senhorial (1834), deixaram de ter função
judicial.
Muitos foram destruídos por estarem associados ao “Antigo Regime”.
Na região de Viana do Castelo ainda existem pelourinhos,
hoje classificados como património histórico. O Pelourinho de Viana do Castelo
e o de Caminha foram removidos e substituídos por chafarizes.
Quem quiser ver pelourinhos tem de ir a Ponte de Lima, Ponte da Barca, Vila
Nova de Cerveira ou Valença.
Mas se quiser ver cruzeiros, basta dar alguns passos dentro de qualquer aldeia.
quarta-feira, 23 de julho de 2025
O Forte de Paçô
O Forte de Paçô, em Carreço, é uma pequena fortificação costeira construída no período da Restauração da Independência (a partir de 1640). A sua função era principalmente de vigia e defesa costeira, numa época em que a costa portuguesa era alvo de ataques de piratas e corsários, sobretudo vindos do Norte da Europa. Servia de apoio a outras fortificações maiores, como o Forte da Ínsua (Caminha) e as defesas do porto de Viana do Castelo. Também dava apoio aos pescadores locais, que utilizavam a enseada próxima.
Não há registo de que o Forte de Paçô tenha sido destruído
em qualquer conflito militar significativo. Tal como muitos pequenos fortes,
foi sendo desativado à medida que a pirataria diminuiu e a artilharia naval
evoluiu. O seu estado atual (ruína parcial) deve-se essencialmente à falta de
manutenção ao longo dos séculos e não à destruição direta por guerra.
O seu aspecto à época deveria
ser assim.
Um Pouco de História
Os fortes ao longo da costa portuguesa têm uma longa
história, profundamente ligada à defesa do território, à proteção das
populações costeiras e à salvaguarda da navegação. A sua construção acompanhou
a evolução das ameaças marítimas, a importância estratégica de Portugal nas
rotas comerciais e o desenvolvimento da artilharia.
Na Idade Média, algumas das primeiras fortificações
costeiras surgiram junto a portos naturais, sob a forma de torres de vigia, que
serviam para detetar ataques de piratas e corsários.
No século XVI, após a expansão marítima portuguesa e com o
declínio do domínio muçulmano no Mediterrâneo Ocidental, aumentaram os ataques
de piratas berberes, ingleses, franceses e holandeses. Foi neste contexto que
se multiplicaram os fortes costeiros.
No século XVII, com a Restauração da Independência (1640),
D. João IV lançou uma vasta campanha de fortificação costeira, modernizando
estruturas existentes e construindo novas, especialmente com traçados adaptados
à artilharia (baluartes, redutos e baterias).
No século XVIII, além da função militar, muitos fortes
desempenhavam um papel logístico, abrigando guarnições permanentes e
funcionando como apoio a faróis e alfândegas.
Nos séculos XIX e XX, com a evolução da artilharia e, mais
tarde, da aviação, os fortes perderam importância militar, sendo alguns
utilizados como quartéis, faróis, prisões ou mesmo habitações.
Atualmente, são testemunhos de uma época em que o mar era
simultaneamente via de comércio e fonte de perigo.
Rede de Fortes entre Caminha e Viana do Castelo
A rede de fortes costeiros entre Caminha e Viana do Castelo
foi construída sobretudo no século XVII, durante o reinado de D. João IV, após
a Restauração da Independência. O objetivo era proteger a costa de piratas e
corsários, criando uma linha de defesa contínua, complementada por torres de
vigia.
Principais fortes:
- Forte
da Ínsua (Caminha) – Construído numa pequena ilha rochosa na foz do
Rio Minho, tinha como função a defesa do estuário e a proteção da
navegação.
- Forte
do Lagarteiro (Vila Praia de Âncora) – Protegia a enseada e as
embarcações dos pescadores locais.
- Forte
do Cão (Gelfa) – Complementava a defesa do litoral junto à Ínsua.
- Forte
de Paçô (Carreço) – Estrutura simples, adaptada a artilharia leve, com
função de vigia.
- Forte
de Montedor (Carreço) – Protegia um dos pontos de desembarque mais
vulneráveis da região.
- Forte
de Areosa (Areosa) – Controlava a faixa costeira antes da entrada no
porto de Viana do Castelo.
- Forte
de Santiago da Barra (Viana do Castelo) – Principal estrutura
defensiva da região; protegia a entrada do porto e foi utilizado até ao
século XIX como ponto estratégico militar.
A distância entre os fortes era relativamente curta,
garantindo que cada um tinha visão direta do anterior, permitindo a troca de
sinais (fogueiras, bandeiras ou tiros de canhão). Os pequenos fortes (Paçô,
Montedor e Cão) funcionavam como postos avançados, enquanto os fortes maiores
(Ínsua e Santiago da Barra) serviam de bases principais.
O Forte de Montedor já não existe. Situava-se perto do atual
Farol e tinha características semelhantes às do Forte de Paçô e do Forte do
Cão. A construção do farol, em 1910, levou à reorganização do espaço e à
utilização de parte do terreno onde estaria a antiga estrutura. Os restos do
forte terão sido reaproveitados ou desapareceram devido à ação do tempo e ao
abandono.
terça-feira, 22 de julho de 2025
São Sebastião
Durante os
séculos XVIII e XIX, sobretudo em tempos de surtos de doenças como a peste,
cólera ou febres malignas, comunidades rurais e urbanas de todo o território
ergueram capelas em honra de São Sebastião. Muitas dessas construções mantêm
ainda hoje a sua traça simples, com fachadas de granito e frontões recortados,
erguidas por promessa ou como voto de agradecimento por proteção divina.
Estas capelas,
normalmente implantadas em lugares altos ou à entrada das povoações,
funcionavam como barreiras espirituais contra os males do corpo e da alma. O
santo, representado com o corpo crivado de flechas, tornou-se símbolo de
resistência e esperança, sendo invocado em momentos de aflição.
A devoção a São Sebastião é também celebrada com romarias e festas populares, especialmente no mês de janeiro, próximo da sua festividade (20 de janeiro). Em muitas aldeias do norte de Portugal, estas festas incluem procissões, missas campais, bênção de animais e até partilhas de pão ou vinho, ecoando antigas práticas de culto agrário cristianizadas ao longo do tempo.
A força desta
devoção estende-se do litoral ao interior, das ilhas à diáspora portuguesa
espalhada pelo mundo. Cada capela dedicada ao santo guarda não só a memória de
uma promessa, mas também o testemunho da fé coletiva de uma comunidade diante
da fragilidade humana.
O milagre de São Sebastião e a capela de Carreço
Em maio de 1819, uma pequena embarcação de pesca com sete homens de Carreço partiu para o mar, a partir do sítio da Posta. Chamava-se S. Sebastião e era comandada por Manuel Fernandes Enes. A pesca da sardinha obrigou-os a afastar-se muito da costa, mas foram surpreendidos por ventos fortes de leste que os empurraram para alto-mar, impedindo o regresso.
Durante dias,
remaram contra o vento, esgotados, alimentando-se apenas de sardinhas cruas e
água salgada. Em terra, a angústia era geral. Quando finalmente foram avistados
ao largo, tentaram entrar em terra por Caminha, mas o mar continuava bravo. A
tripulação, desesperada, quis fugir para Espanha, mas o mestre impôs-se com
firmeza e ordenou a entrada pela barra. Milagrosamente, o mar acalmou por
instantes e o barco entrou em segurança.
Em
agradecimento, a população de Carreço mandou construir uma capela dedicada a
São Sebastião, concluída em 1821, como voto pela salvação. A pequena imagem do
santo, que se guardava na antiga Capela do Santo da Légua, foi transferida para
o novo templo. Desde então, a memória desse episódio foi preservada na devoção
local, nas festas anuais e nas orações dos pescadores antes de se fazerem ao
mar.
Nota: A Capela
do Santo da Légua ficava perto da atual Avenida do Santo da Légua, na N13, e
foi demolida no início do século XVIII, durante obras na estrada.
Era um oficial
da guarda pessoal do imperador, que usava a sua posição no exército para ajudar
e confortar os cristãos perseguidos. Descoberto, foi acusado de traição e condenado
à morte por flechas, após o que o atiraram ao rio Tibre, onde foi recolhido por
santa Irene que o curou. Os militares eram o esteio do império, onde a lealdade
era vital. Sebastião, em vez de fugir, voltou a confrontar o imperador
acusando-o de injustiça e foi então martirizado de novo, a pauladas, até à
morte.
É padroeiro da cidade do Rio de Janeiro e do lugar de Paçô em Carreço.
Na arte renascentista e barroca, a sensualidade do corpo martirizado transformou São Sebastião num símbolo ambíguo, inclusive adotado como ícone cultural por grupos LGBT no século XX, como mártir simbólico do sofrimento humano e da exclusão (religiosa, sexual, política).
segunda-feira, 21 de julho de 2025
Senhor do Bonfim
A Capela do Senhor do Bonfim, Troviscoso - Carreço, Viana
do Castelo, é uma construção de estilo barroco rural, datada do
século XVIII.
Foi construída por volta de 1741, por João Pires Lavrador e provavelmente
custeada por famílias de agricultores e pescadores como votos de gratidão e
para reforçar o sentimento comunitário. Em frente à capela, ergue-se um cruzeiro
barroco, erguido na segunda metade do século XVIII. A comunidade celebra
anualmente uma romaria em honra do Senhor do Bonfim, no primeiro domingo de
setembro.
A devoção ao Senhor do Bonfim é uma das expressões mais
marcantes da religiosidade popular em Portugal e no Brasil, associada a pedidos
de proteção, saúde, e libertação em momentos de sofrimento.
O “Senhor do Bonfim”
representa Jesus Crucificado, invocado no momento extremo da dor — o sofrimento
redentor da cruz. O nome “Bonfim” refere-se ao desejo de uma boa morte e, por
extensão, de um final feliz para situações difíceis, como doenças, perigos ou
provações. Assim, a devoção invoca misericórdia e intervenção divina nas horas
de angústia.
Em contextos agrícolas e
marítimos, como Carreço, onde as populações viviam expostas a riscos naturais
(tempestades, pragas, fome) e a ausência de cuidados médicos, a fé era muitas
vezes o único recurso. O Senhor do Bonfim era visto como protetor de quem
sofria ou estava em perigo de vida.
Em Portugal, muitas
comunidades ergueram capelas e cruzeiros em honra ao Senhor do Bonfim,
geralmente nos limites das povoações ou em caminhos de entrada e saída, como
proteção espiritual para os viajantes.
domingo, 20 de julho de 2025
Capela de Santo António em Afife
A Capela de Santo António em Afife situa-se no Monte de Santo António, um promontório com cerca de 70 metros de altitude, oferecendo uma vista privilegiada sobre o mar, o rio e a veiga local. A sua posição estratégica era já utilizada desde a proto-história — no monte existiu um povoado fortificado (castro), habitado desde a Idade do Bronze e do Ferro.
A capela foi erguida no século XVII (sendo frequentemente
citado o ano de 1685), como enclave religioso dedicado a Santo António. Para
além do culto, o local funciona como miradouro natural e destino de lazer,
contando com um parque de merendas muito procurado por visitantes e ciclistas.
Santo António era visto como protetor das aldeias e dos
pobres, intercessor em casos urgentes (como doenças, infertilidade e
casamentos), e santo das causas perdidas — objetos, caminhos e situações
difíceis. Também é padroeiro dos viajantes, dos navegantes e até dos animais
domésticos. Considerado um milagreiro próximo das necessidades do povo simples,
tornava-se particularmente relevante em comunidades agrícolas como Afife, onde
se valorizava um santo que “resolvesse”.
A Ordem Franciscana, à qual Santo António pertenceu, teve
grande presença no Norte de Portugal, sendo plausível que frades da região
tenham influenciado ou mesmo patrocinado a edificação da capela. Era prática
comum dos franciscanos a construção de capelas dedicadas a Santo António no
cume de montes, por todo o país, associando-se essa localização à ideia de
vigia espiritual e de proteção sobre as terras em redor, acreditando-se que,
desses pontos elevados, o santo abençoava os campos e os seus habitantes.
Embora a festa litúrgica de Santo António se celebre
oficialmente a 13 de junho, em Afife a romaria em sua Honra é relegada para o
fim de semana mais próximo do dia 24 de julho, dia de Santa Cristina, padroeira
da aldeia.
Parte inferior do
formulário
Santa Cristina é exemplo de firmeza na fé. Uma "menina
mártir" que se insere no contexto de outros santos infantis, como Santa
Inês ou Santa Filomena. A escolha de Santa Cristina como padroeira de Afife
remonta ao século XIII, com a igreja primitiva já dedicada a ela.
O martírio de Santa Cristina de Bolsena (Bolsena fica 130km
a norte de Roma). Cristina era filha de Urbanus, um alto funcionário romano e governador
da cidade. O pai educou-a segundo a fé pagã, mas uma criada cristã falou-lhe de
Jesus e, inspirada pela fé, recusou-se a adorar os ídolos. Ao saber disto, o
pai, mandou açoitá-la cruelmente. Cristina não cedeu. Então, começou uma longa
série de torturas sucessivas, descritas com grande dramatismo nos textos
antigos. “Garfos de ferro rasgaram-lhe a carne, mas anjos curavam-na durante a
noite. Foi lançada numa fornalha ardente durante cinco dias — mas saiu ilesa,
rodeada de luz. Prenderam-lhe uma pedra ao pescoço e lançaram-na a um lago —
mas um anjo salvou-a e ela caminhou sobre as águas. Foi colocada num poço cheio
de serpentes venenosas, que se acalmaram ao seu toque. Mandaram-lhe cortar a língua,
mas continuou a falar e pregar milagrosamente. Finalmente, foi transpassada por
flechas, morrendo por fim — com cerca de 12 anos.
Parte inferior do
formulário
sábado, 19 de julho de 2025
Frase do Dia
Frank Harris (1856 – 1931)
Oscar Wilde (1854-1900)
terça-feira, 15 de julho de 2025
Gelfa
Sanatório Hospital da Gelfa
Em setembro de 1902, realizou-se, em Viana do Castelo, um Congresso sobre Tuberculose e, na sua sequência, decidiu-se criar um Dispensário Antituberculoso na cidade e um Sanatório Marítimo para tratamento de crianças, no distrito.
Em 1909, a Junta de Freguesia de Âncora cedeu à “Assistência Nacional aos Tuberculosos” (ANT) um terreno de 10 hectares para a construção do Sanatório.
Em 1912, a obra estava concluída, mas não recebeu doentes, em detrimento do sanatório de Francelos (V. N. Gaia), destinado a funções idênticas.
Em 1919, o edifício foi entregue ao Ministério da Guerra, com o objetivo de aí serem tratados os militares tuberculosos do Corpo Expedicionário Português, mas os soldados nunca chegaram a ser enviados para a Gelfa.
Só em 1929 o Sanatório viria a receber os primeiros doentes — crianças e adultos com tuberculose óssea — tendo sido alvo de novas obras, que o dotaram de largas varandas viradas a sudoeste, para os “salutares” banhos de sol.
Em 1934, a eletricidade chegou ao Sanatório e, em 1936, foi aberto o troço de estrada que liga a Gelfa à estrada nacional. Por esta altura, encontravam-se ali internados 82 doentes.
Na década de 60 do século XX, o tratamento ambulatório da tuberculose levou à desativação dos sanatórios.
Em 1963, o Sanatório da Gelfa passou a Hospital Psiquiátrico da Gelfa, recebendo doentes do sexo feminino, em articulação com os outros polos: o Hospital de Moselos, em Paredes de Coura, e a Casa de Saúde do Instituto São João de Deus, em Barcelos.
Em 1999, o polo psiquiátrico da Gelfa foi definitivamente desativado, passando as doentes a ser internadas no Hospital de Viana do Castelo.
Em 2001, em época de “abundância de dinheiros da União Europeia”, o velho e degradado imóvel da Gelfa foi proposto para renovação. As obras terminaram em 2005, mas só então se concluiu “não se justificar mantê-lo como hospital psiquiátrico", tendo-se iniciado diligências para o transformar numa Unidade de Cuidados Continuados. Entretanto, o edifício foi alvo de vandalismo.
Em 2013, foi entregue à gestão do Instituto São João de Deus como Unidade de Cuidados Continuados, situação que se mantém até ao presente.
O Instituto São João de Deus:
João Cidade Duarte nasceu em 1495, em Montemor-o-Novo, Portugal, Foi viver para Espanha, muito novo. Teve, inicialmente, uma vida errante e atribulada. Foi soldado durante algum tempo.
Por volta dos 40 anos, em Granada, ouviu um sermão do célebre pregador São João de Ávila, que o tocou profundamente. Teve então uma crise espiritual tão intensa que chegou a ser considerado louco e foi internado num hospital psiquiátrico.
Depois de sair do hospital, decidiu dedicar-se totalmente aos pobres e doentes. Começou por recolher mendigos, doentes e pessoas abandonadas, cuidando delas com os seus próprios meios. Com o tempo, outras pessoas juntaram-se a ele..
Entre 1537 e 1550, João começou a organizar a sua obra, dando origem à Ordem Hospitaleira de São João de Deus, que se dedicou sobretudo à assistência hospitalar e que ainda hoje existe em mais de 50 países. Faleceu em 1550, em Granada.
Em 1572, o Papa Pio V aprovou formalmente a Ordem, como ordem religiosa de direito pontifício, diretamente ligada ao Vaticano, isto é, supervisionada pelo Papa e pela Santa Sé, podendo atuar em todo o mundo com autonomia em relação às dioceses locais.
A sua sede mundial (chamada oficialmente “Cúria Geral”) fica em Roma, Itália, embora a cidade de Granada, em Espanha, seja considerada o berço espiritual da Ordem.
O atual Superior Geral é o Irmão Pascal Ahodegnon, nascido a 10 de abril de 1971, em Savé, Benim. É médico, formado pela Universidade de Milão. O mandato iniciado em novembro de 2024 vigora por seis anos.
O representante máximo em Portugal é o Superior Provincial, cargo ocupado desde março de 2022 pelo Irmão José Paulo Simões Pereira, formado em Psicologia.
As principais Unidades de Cuidados Continuados associadas à Ordem em Portugal são: a UCC de Megaço, da Gelfa (Vila Praia de Âncora, Caminha, Viana do Castelo), a Casa de Saúde do Telhal (Sintra), o Hospital São João de Deus (Montemor-o-Novo) e a Casa de Saúde São João de Deus (Barcelos).
A Ordem também gere lares, residências assistidas e centros de acolhimento.