quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Fausto

Fausto Bordalo Dias, - (1948 - …) compositor e músico.
Autor de “Por Este Rio Acima”, editado pela primeira vez em 1982, remasterizado e re-editado em 1990, que se baseia nas viagens de Fernão Mendes Pinto, relatadas no seu livro “Peregrinação”.
É, na minha opinião, o álbum mais bem conseguido da música popular portuguesa.




Navegar, navegar ; Mas ó minha cana verde
Mergulhar no teu corpo ; Entre quatro paredes
Dar-te um beijo e ficar ; Ir ao fundo e voltar
Ó minha cana verde ; Navegar, navegar

Quem conquista sempre rouba ; Quem cobiça nunca dá
Quem oprime tiraniza ; Naufraga mil vezes ; Bonita eu sei lá

Já vou de grilhões nos pés ; Já vou de algemas nas mãos
De colares ao pescoço ; Perdido e achado ; Vendido em leilão ;
Eu já fui a mercadoria ; Lá na praça do Moca ; Quase às avé-marias
Nos abismos do mar

Navegar navegar...
Já é tempo de partir ; Adeus morenas de Goa ;
Já é tempo de voltar ; Tenho saudades tuas ; Meu amor de Lisboa
Antes que chegue a noite ; Que vem do cabo do mundo
Tirar vidas à sorte ; Do fraco e do forte ; Do cimo e do fundo
Trago um jeito bailarino ; Que apesar de tudo baila ; No meu olhar peregrino ;
Nos abismos do mar

AI navegar, ó cana verde ; Ir no teu corpo entre quatro paredes
Ai dar-te um beijo e ir ao fundo; Ó cana verde ai navegar navegar




Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Vai de roda quem quiser
E diga o que tem a dizer (Certo!)

Sonhei muitos, muitos anos por esta hora chegada
De Lisboa para a Índia vou agora de abalada
Mas em frente de Sesimbra
Logo um corsário francês
Nos atirou para Melides
Com o barco feito em três
E por Deus e por El-Rei
Que grande volta que eu dei

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Ena que alegria enorme
Uns mais ou menos conforme (Certo!)

Mas que terras maravilha mais parece uma aguarela
Que eu vejo da minha barca branca, azul e amarela
A Lua dormia ali e com o Sol é tal namoro
Que as montanhas estavam prenhas e pariam prata e ouro
Com Jesus no coração faz as contas ó Fernão

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Mais cuidado no bailado
Que andamos tão baralhados (Certo!)

Nunca vi bichos medonhos tão soltos e atrevidos
Que nos fomos logo a pique c'o bafo dos seus grunhidos
E todo nu sobre um penedo de mãos postas a rezar
'Té me tremiam as carnes por os não ter no lugar
'Inda por cima a chover vejam lá o meu azar

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo

Ó ai meu bem como baila o bailador
Ó meu amor a caravela também
Ó bonitinha ai que é das penas, que é das mágoas
Sendo nós como a sardinha
A voar por cima das águas

Eh valente rapazinho
A cantar ao desafio (Certo!)

Matei mouros malabares quem foi à guerra fui eu
Afundei grandes armadas nunca ninguém me venceu
Mas ao ver o cu de um mouro foi tal susto grande e forte
Qu'inté a bexiga mijei e de todo estive à morte
Siga a roda sem parar que a gente vai a voar!

Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo
Ó é tão lindo, ó é tão lindo




Salto no escuro; Entre dentes trago a faca
E nos meus olhos coloridos; Juro
Vem ver o fogo no mar; Os peixes a arder
Ó Ana vem ver; Ó Ana vem ver; Ó Ana vem ver

Voando em arco; Esgueiro o corpo num balanço
Como um piloto do inferno; Assalto
Nas asas guerreiras de um anjo; Seja louvado
Atacamos mui baralhados; Como um bando endiabrado
Por Jesus na sua cruz; Chora por mim ó minha infanta
Escorre sangue o céu e a terra; Ah pois por mais que seja santa
A guerra é a guerra

Coro:
Malaca Malaca; A guerra é a guerra
No céu e na terra; Nos dentes a faca
Avanço avanço; A guerra é a guerra
No céu e na terra; Balanço balanço
Cruzado cruzado; A guerra é a guerra
No céu e na terra; O mais enfeitado
Largar largar; O fogo no mar

Seja bendito; De todos o mais enfeitado
Olha p’ra mim o mais guerreiro; Ao vivo
Olha p’ra mim o teu amado; E o céu a arder
Ó Ana vem ver; Ó Ana vem ver; Ó Ana vem ver
Barcos em chamas; Erguidas
Parecia coisa sonhada; Queimados
Os gritos horrendos da besta; Ferida
E lá dentro ardiam homens; Encurralados
E cá fora à cutilada; Decepados
P’la calada; Pelos peitos já desfeitos
Chora por mim ó minha infanta; Escorre sangue o céu e a terra
Ah pois por mais que seja santa; A guerra é a guerra

(coro)

Foge saloio; Eh parolo
Aguenta António de Faria; E a fidalguia
Todo o massacre; E todo o desconsolo
Que já lá vem o Coja Acém; E o mar a arder
Ó Ana vem ver; Ó Ana vem ver; Ó Ana vem ver
Diz-nos adeus o pirata; O labrego
De cima daquele mastro; Trocista e airoso
Mostrando o traseiro cafre; Preto escuro de um negro
Levando-nos coiro e tesouro; Rindo de gozo
Perdeu-se o resto na molhada; Pelo estrondo
Na quebrada; No edema da gangrena
Chora por mim ó minha infanta; Escorre sangue o céu e a terra
Ah pois por mais que seja santa; A guerra é a guerra

Nota: Diário da viagem, Fernão Mendes Pinto
“De Diu embarquei para o estreito de Meca, daqui fomos a Maçuá e daí, por terra, ao Reino do Preste João. Passei ao Reino dos Batas e de fugida pelo Reino de Quedá como adiante darei parte. Em Patane conheci António de Faria, capitão a quem servi na venda da mercadoria. Fomos atacados e roubados pelo perro do Coja Acém, temido pirata depois que Heitor da Silveira lhe matara seu pai e dois irmãos. Por isso, Coja Acém havia prometido a Mafamede matar todos da geração de Malaca. Em pequenas fustas, enfrentei também a grande armada do turco que bordejava na nossa esteira com as velas quarteadas de cores e muitas bandeiras de seda.”

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostos não se discutem...
Eu não gosto de nenhuma, há por ai musica portuguesa bem melhor, mas muito bem melhor!!!

AC

capitão disse...

AC:
Então, para si, qual foi o Álbum mais conseguido de Música Popular Portuguesa?
Atenção, que eu não disse a música mais bonita!

Anónimo disse...

Estava certa de que haveria uma resposta sua ao meu comentario.
Eu percebi, que não fala das musicas mais bonitas,no entanto, e na minha opiniao Vitorino tem alguns albuns melhores...que não tenho presente todos os nomes, mas concerteza que os conhece.
"Não há terra que resista" e outros mais...

AC