Joseph Alois:
Estive a pensar longamente se te ignorava, ou se te escrevia sobre o que se está a passar e que te envolve directamente.
Eu sei que nada disto estava nos teus planos quando te candidataste à Santidade, mas agora que te estalou a batata na mão, não me venhas dizer que sempre houve pedofilia, que os padres são homens e que são poucos os acusados, porque a questão não é essa. Eu quero é saber porque é que os encobriste e te sobrepuseste ao poder civil.
Tu geres um Estado dentro dos Estados, tens estatuto de chefe moral com benefícios económicos e políticos, e usaste-os com prejuízo das comunidades que era suposto protegeres. Hoje são abusos sexuais, mas amanhã virão outras histórias dos confessionários aos corredores do poder, onde o jogo de influência vos deu os primeiros lugares, e onde se eliminou quem não se alinhava por essa tua bitola.
Será que, com este passado, ainda te vão deixar passar a mensagem de “guardião de valores”, principalmente quando as vítimas foram os mais desprotegidos. E atenção, que eu não chamo “negligência” ao que fizeste, porque entendeste que a vida dessas crianças valia menos que um beliscão na imagem da tua Igreja.
Ouve o que te digo. Mete a reforma, inventa uma doença ou vai de férias, mas não voltes, que tu já não estás acima de qualquer suspeita.
E vê se rezas, porque o Céu não te está garantido e fica ciente que quando eu morrer irei saber de ti, e que, para não perder tempo, começo por baixo!
Cuida-te!
6 comentários:
Excelente. Assino por baixo.
Magistral.Também assino
Bem dito.
PM
Bem dito.
PM
POIS EU DISCORDO COMPLETAMENTE! SE O ASSUNTO FOI DISCUTIDO E REVELADO AGORA É PORQUE ESTAVA NA AGENDA PAPAL - PORQUE FOI ADMITIDA A SUA OPORTUNIDADE POR ESTE PAPA! NA REALIDADE O ASSUNTO É MUITO ANTIGO, TÃO ANTIGO COMO OS HOMENS E A IGREJA. E SE FOREM VER A QUANTIDADE DE ASSUNTOS EACANDALOSOS QUE A IGREJA SE PERMITIU ABORDAR NOS ÚLTIMOS TEMPOS, ASSUNTOS ANTIGOS MAS NUNCA TOLERADOS, PERCEBERÃO QUE AO FIM DE MUITOS DECÉNIOS O VATICANO VOLTOU A TER Á SUA FRENTE ALGUÉM DISPONÍVEL PARA ENFRENTAR A REALIDADE (ALGUMA COM SÉCULOS OU DECÉNIOS DE ATRASO)E ARRUMAR A CASA, EM VEZ DO POPULISMO FACILITISTA QUE POR LÁ COMPEOU NOS ÚLTIMOS TEMPOS. A VERDADE É QUE QUANDO SURGE UM REFORNMADOR É SOBRE ELE QUE CAEM OS DESCONTENTES. RECORDEMO-NOS DE MARCELO CAETANO, QUE NADA TINHA A VER COM SALAZAR, QUE COLOCOU EM LUGARES CHAVE AS PERSONALIDADES QUE SÃO AINDA HOJE AS DE MAIOR CONFIANÇA QUE O PAÍS TEM, E QUE VIU PRECIPITAR-SE SOBRE ELE TODA A RAIVA ACUMULADA CONTRA O REGIME, PRECISAMENTE PELAS ABERTAS QUE ELE PRÓPRIO TOLEROU. VOLTANDO AO PAPA - REPAREM MELHOR NO QUE ELE ANDA A FAZER - E NÃO SE ESQUEÇAM QUE ESTÁ À FRENTE DA ORGANIZAÇÃO HUMANA MAIS ANTIGA DA TERRA E PROVÁVELMENTE A QUE TEM MAIS PODER.
Caro Rei Amorim:
Não tenho veleidades em saber o que "realmente" aconteceu e acontece no espaço em que os Papas se movem.
Fundamento a minha opinião nos valores judaico-cristãos em que a Igreja se move (que são também a minha matriz ética), onde a confiança é um dos principais. Foi essa confiança, que demora anos a ganhar e segundos a perder-se, que foi fortemente abalada quando se tornou público que Ratzinger, quando dirigiu a Congregação para a Doutrina da Fé, no papado de João Paulo II, foi responsável pelo encobrimento de muitos crimes de pedofilia que deveria ter denunciado "na hora" ao poder secular.
Também não acredito que tenha sido ele a disponibilizar-se para enfrentar a realidade. A julgar pela sequência dos acontecimentos, foi a denúncia na praça pública que fez o Papa sair do nicho de secretismo em que lidava com o problema.
Também não olho para ele como um Reformador, pois a sua posição sobre o celibato dos padres, o preservativo, sobre as mulheres no clero, e sobre a integração de conceitos científicos devidamente confirmados no discurso, fica muito aquém do actualmente necessário para dar resposta às necessidades dos povos que influencia, e para isso não necessitava de se vestir de populista.
É minha opinião que o capitalismo sempre teve no Vaticano um aliado, e que há décadas que os valores sociais e para com a natureza daí resultantes se têm vindo a degradar.
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