sábado, 30 de outubro de 2010

Carta ao Cavaco


Caro Cavaco:

Anda um cidadão a cumprir as suas obrigações ao longo de uma vida de trabalho, lutando dentro da sua pequena esfera contra a incompetência e o desleixo, e acaba confrontado com a tomada do poder por gente que, em nome de um “pragmatismo bacoco”, se move num nevoeiro de indefinições, para realizar obra pública de utilidade discutível, sem acautelar o bem comum.
Há mais de dez anos que andas nas mais altas esferas da Nação e, sabes melhor que ninguém as imoralidades que se fazem a coberto das pseudo-legalidades, e dos caminhos em que o país se meteu, e que não levam a lado nenhum.
Foi a promessa de um turismo que não se desenvolveu, de um ensino que estagnou, de uma justiça que regrediu, de uma agricultura que se desactivou e de uma indústria que se foi. Estes anos vão ficar marcados pelos milhares de casas vazias, sinal da orientação da população para o consumo e para a especulação imobiliária e pelo "complicómetro" que se introduziu na administração pública, dificultando a actividade dos seus profissionais.
Foi aqui onde chegámos. Um país de qualidade duvidosa, gerido por gente duvidosa.
Tu és economista, professor e, ao que dizes, conhecedor dos meandros por onde o mundo se move, e foste incapaz de pôr um travão neste desvario, em que ano após ano se gastou mais do que o que se produziu. Estavas à espera de quê? Fosse Portugal uma Multinacional, e tu o CEO, e estarias despedido com justa causa.
Também a tua prática não diferiu da daqueles que hipotecaram o futuro às necessidades do dia a dia de alguns. Lembro-te que recebes três pensões (€ 4.152,00 do Banco de Portugal, € 2.328,00 da Universidade Nova de Lisboa, e € 2.876,00, por teres sido Primeiro-Ministro) para além de € 7.100,00 do Vencimento de Presidente da República. És um exemplo do que está errado.
Só te aguentas porque dás a garantia de um Sr. Silva disponível para facilitar a vida a quem já detém o poder, e de seres o maestro para esta música da moda, que é o fazer a ver se cola, e depois quem vier a seguir que feche a porta.
Vai ser mais do mesmo!
Passa bem! A Rainha de Inglaterra fazia melhor!
Fernando

1 comentário:

JARRA disse...

O que mais me chocou, foi a arrogância e a presunção de Cavaco no anúncio da candidatura. Pelos vistos vai-nos fazer um grande favor por que sente que é insubstituível.