sexta-feira, 30 de abril de 2010
Lobo Mau
Devo ter ouvido este disco em Vinil - 78 rotações, mais de 500 vezes. Sei-o de cor desde a minha infância e não conheço melhor versão desta história.
O Youtube é uma coisa maravilhosa!
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Obama
Num esforço para adoçar o capitalismo desenfreado, Obama qualificou os banqueiros de "gatos gordos".
Mas, por ter os gatos à mão, não questiona que meia dúzia de empresas financeiras controlem a economia do mundo e dêem ordens aos governos dos Estados.
Mas, por ter os gatos à mão, não questiona que meia dúzia de empresas financeiras controlem a economia do mundo e dêem ordens aos governos dos Estados.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Made in China
Não faça, mande vir! Compre ali que é mais barato! Até parece original ou é coisa nunca vista que não se sabe para que serve!
É a globalização!
É a globalização!
Made in China é hoje um dos rótulos mais comuns porque a China se tornou no maior exportador mundial de produtos manufacturados, da electrónica ao vestuário. São 1,3 mil milhões de humanos desejosos de melhorar as suas vidas num envolvimento total com o mundo.
A princípio ainda questionávamos se cumpriam standards de qualidade mínimos, mas à força de convivermos com eles, esquecemos os escândalos do leite chinês adulterado com melamina (que causou 12,800 hospitalizações e 4 mortes de crianças) e da adulteração de xaropes para a tosse importados pelo Panamá (que envenenou centenas e causou mais de 100 mortes), mas que deixou muitos outros sem fiscalização e sem relação de causa efeito.
É o preço que as promove. Um preço formado sem os custos ocidentais dos direitos de autor, dos Impostos e das garantias de higiene e segurança, que concorre com quem aqui se esforça por dar uma indústria mínima que possa sustentar as necessidades da região, e que os políticos esqueceram e que levaram às sistemáticas deslocalizações das empresas, criando uma Europa mais consumidora que produtora, principalmente nos países menos desenvolvidos.
Chegou a crise e o tempo de criar limites à importação da Ásia e permitir o ressurgimento da indústria e agricultura europeias e só a abrir quando aqueles países tiverem obrigações semelhantes na produção.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Revisão de Provas
Era assim no Liceu. Quando num exame a nota rasava os 8 valores, pedia-se "revisão de provas", e depois andava-se à cata de um ponto aqui e de outro ali e a justificar o injustificável, a ver se se conseguia os 9,5 valores que davam acesso à oral. Depois, “se desse”, como já se tinha estudado alguma coisa, às vezes … “passava-se”.
É o que me parecem as actuais aflições do Governo com as Agências de Rating.
Eu não percebo nada de economia mas, há muitos anos, que o poder de compra dos portugueses e as grandes obras do Estado, me parecem em desacordo com a sua eficiência.
Será que chegou a altura de pagar, ou ... ainda vamos “à oral”?
É o que me parecem as actuais aflições do Governo com as Agências de Rating.
Eu não percebo nada de economia mas, há muitos anos, que o poder de compra dos portugueses e as grandes obras do Estado, me parecem em desacordo com a sua eficiência.
Será que chegou a altura de pagar, ou ... ainda vamos “à oral”?
segunda-feira, 26 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
Antigona
Antígona está só. Ousou desafiar um homem poderoso. Não reclama direitos, não quer ter voz em espaço público, nem critica as leis da cidade. Apenas quer cumprir um dever – o de prestar honras fúnebres ao irmão Polinices, que seu tio Creonte (novo senhor da cidade) ordenou deixar insepulto, para exemplo de todos os que pretendessem intentar contra o governo de Tebas …
Antígona desobedece por uma questão de ética e acaba condenada ao emparedamento.
Para os gregos Ethos, isto é, o carácter, era um daemon que exercia sobre o homem um poder transcendente.
Antígona desobedece por uma questão de ética e acaba condenada ao emparedamento.
Para os gregos Ethos, isto é, o carácter, era um daemon que exercia sobre o homem um poder transcendente.
Antigona de Sófocles - esteve no Teatro S. João - Porto
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Ámen
Esta complacência com a amoralidade, constringe quem tenta manter uma réstia de dignidade.
E nada vai mudar, porque o regime sustenta-se neste povo temente a Deus e ao senhor de turno, que se pensa bem quando os seus pequenos e imediatos interesses parecem assegurados, que muda o discurso com o acenar de uns Euros, que é permeável ao primeiro sorriso dos poderosos na esperança de uma benesse e que, incapaz de analisar os “materiais e métodos” do poder, se inibe e aceita o autoritarismo que lhe seca a criatividade.
Trinta e seis anos depois de Abril, fala-se em “salvar o regime democrático” quando diariamente se pactua com atropelos a princípios fundamentais, em nome da necessidade do momento, numa óptica míope do “rouba, mas faz!”
Hoje é um burlão que é ilibado, amanhã é um oportunista que afirma a legitimidade de um salário de milhões, e deixa estupefactos os que entendem “que nem tudo o que é legal é moralmente aceitável”, e se sentem desprotegidos desta gente que utiliza a Lei para espezinhar os outros.
Resta tentar viver com a dignidade possível, deixando algum exemplo para que os vindouros tenham pontos de apoio para uma ética social actualmente impossível.
E nada vai mudar, porque o regime sustenta-se neste povo temente a Deus e ao senhor de turno, que se pensa bem quando os seus pequenos e imediatos interesses parecem assegurados, que muda o discurso com o acenar de uns Euros, que é permeável ao primeiro sorriso dos poderosos na esperança de uma benesse e que, incapaz de analisar os “materiais e métodos” do poder, se inibe e aceita o autoritarismo que lhe seca a criatividade.
Trinta e seis anos depois de Abril, fala-se em “salvar o regime democrático” quando diariamente se pactua com atropelos a princípios fundamentais, em nome da necessidade do momento, numa óptica míope do “rouba, mas faz!”
Hoje é um burlão que é ilibado, amanhã é um oportunista que afirma a legitimidade de um salário de milhões, e deixa estupefactos os que entendem “que nem tudo o que é legal é moralmente aceitável”, e se sentem desprotegidos desta gente que utiliza a Lei para espezinhar os outros.
Resta tentar viver com a dignidade possível, deixando algum exemplo para que os vindouros tenham pontos de apoio para uma ética social actualmente impossível.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Bancarrota
Ao nosso Presidente não passa pela cabeça que se chegue a uma situação de bancarrota, porque ... a Grécia, está pior.
O Governo desvaloriza os pareceres de economistas de renome mundial, porque ... dão opinião sem o devido estudo.
E eu gostava de ser abençoado por essa fé, que este país de doutores, engenheiros e vaidosos, será misericordiosamente salvo por uma Alemanha envergonhada se nos vir de pé descalço.
O Governo desvaloriza os pareceres de economistas de renome mundial, porque ... dão opinião sem o devido estudo.
E eu gostava de ser abençoado por essa fé, que este país de doutores, engenheiros e vaidosos, será misericordiosamente salvo por uma Alemanha envergonhada se nos vir de pé descalço.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
domingo, 18 de abril de 2010
Camus - A Queda
Estavas na prateleira a chamar-me há semanas. Tinha a ideia de te ter lido na adolescência e de algum modo estavas no meu inconsciente, mas foi como se te tivesse lido pela primeira vez.
Podia escolher mil frases, mas a proximidade do 25 de Abril leva-me à página 199.
"No fim de contas, aconteceu-me fazer da liberdade um uso mais desinteressado e até, avalie a minha ingenuidade, defendê-la duas ou três vezes, sem chegar, lá isso é verdade, a ponto de morrer por ela, mas correndo alguns riscos. Tem de se me perdoar estas imprudências; eu não sabia o que fazia. Não sabia que a liberdade não é uma recompensa, nem uma condecoração que se festeje com champanhe. Nem, aliás, um presente, uma caixa de bombons para lamber os beiços. Oh!, não, é uma estopada, pelo contrário, e uma corrida solitária, bem extenuante. Nada de champanhe, nada de amigos que ergam a sua taça, olhando-nos com ternura. Sozinhos numa sala sombria, sozinhos no banco dos réus, perante os juízes, e sozinhos a decidir, perante nós mesmos ou perante o juízo dos outros. Ao cabo de toda a liberdade há uma sentença; eis porque a liberdade é pesada de mais, sobretudo quando se sofre de febre, ou nos sentimos mal, ou não amamos ninguém."
sábado, 17 de abril de 2010
Um desafio
Custava-me aquele gelo que persistia há mais de seis meses e que deixara de ser um assunto que o tempo resolveria, para ser um dedo apontado à minha incapacidade de me sintonizar com aquela cabeça de sete anos.
Entrava mudo e saía calado. -Tiveste falta de ar?, - Não!, respondia a mãe depois de uma longa espera pela resposta. - Dr.! Não ligue, que ele é assim! Não fala com quem não conhece bem. Lá em casa brinca normalmente com o irmão, joga no computador e vê os canais História, Odisseia e o da National Geographic, mas na escola só se relaciona com a professora e uns três amigos. É de poucas falas, mas fora isso, é um miúdo normal.
Mas eu não desisti. Nestas coisas de crianças a criatividade costuma dar resultados. Queres ver um truque? E fazia a cena do dedo partido. Viste? És capaz?, e ele nada. - Se falares comigo eu dou-te um coelho!, e desenho um coelho, aquele que aprendi com o meu médico de infância e que me ficou na mão à custa de o repetir, depois um cavalo, um elefante e até um golfinho, com ele sempre atento, a dar-me coragem para num gesto de destemor, o desafiar: - Diz um animal qualquer que eu desenho-o!
Aí, ele olhou para mim como a medir-me e, com um quê de maldade, disse: - Quero um Ganso Ibérico! … e arrumou comigo.
Entrava mudo e saía calado. -Tiveste falta de ar?, - Não!, respondia a mãe depois de uma longa espera pela resposta. - Dr.! Não ligue, que ele é assim! Não fala com quem não conhece bem. Lá em casa brinca normalmente com o irmão, joga no computador e vê os canais História, Odisseia e o da National Geographic, mas na escola só se relaciona com a professora e uns três amigos. É de poucas falas, mas fora isso, é um miúdo normal.
Mas eu não desisti. Nestas coisas de crianças a criatividade costuma dar resultados. Queres ver um truque? E fazia a cena do dedo partido. Viste? És capaz?, e ele nada. - Se falares comigo eu dou-te um coelho!, e desenho um coelho, aquele que aprendi com o meu médico de infância e que me ficou na mão à custa de o repetir, depois um cavalo, um elefante e até um golfinho, com ele sempre atento, a dar-me coragem para num gesto de destemor, o desafiar: - Diz um animal qualquer que eu desenho-o!
Aí, ele olhou para mim como a medir-me e, com um quê de maldade, disse: - Quero um Ganso Ibérico! … e arrumou comigo.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Vulcões
Será este um aviso à vulnerabilidade do nosso estar actual? Um pequeno vulcão numa ilha esquecida no norte do Atlântico pára o tráfego aéreo na Europa.
Agora imaginem que o vulcão tinha a dimensão do Krakatoa, que, em 27 de Agosto de 1883, fez desaparecer uma montanha com mais de 2000 metros de altura e que para além de tsunamis com ondas de 40 metros, provocou uma nuvem que escureceu os céus de toda a Terra, com efeitos sobre a atmosfera que persistiram mais de 18 meses.
A probabilidade de se repetir um fenómeno semelhante na região mantém-se, mas se um dos supervulcões identificados entrar em erupção, toda a globalização será posta em causa, e questionaremos porque deixámos de produzir o que comemos, de fazer as roupas que vestimos ou de produzir as nossas ferramentas.
E essa pergunta pode surgir de um dia para o outro.
Agora imaginem que o vulcão tinha a dimensão do Krakatoa, que, em 27 de Agosto de 1883, fez desaparecer uma montanha com mais de 2000 metros de altura e que para além de tsunamis com ondas de 40 metros, provocou uma nuvem que escureceu os céus de toda a Terra, com efeitos sobre a atmosfera que persistiram mais de 18 meses.
A probabilidade de se repetir um fenómeno semelhante na região mantém-se, mas se um dos supervulcões identificados entrar em erupção, toda a globalização será posta em causa, e questionaremos porque deixámos de produzir o que comemos, de fazer as roupas que vestimos ou de produzir as nossas ferramentas.
E essa pergunta pode surgir de um dia para o outro.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Dias de S. Feriado
O Papa Bento XVI visita Portugal a convite de Cavaco Silva, de 11 a 14 de Maio e num “acto de diplomacia”, deu-se tolerância de ponto à Administração Pública.
A maioria ficará por casa nos chinelos, enquanto os que perseguem o topo das carreiras, irão "ver e ser vistos" nas recepções e Santas Missas, onde a Comunicação Social divulga os “banhos de multidão” e “a matriz religiosa do povo português”, compondo com os seus fatos a massa dos que vêem no Além o futuro que lhes é negado em Terra.
Para justificar o impacto negativo na economia, a braços com um PEC que se diz “insuficiente”, a que se acresce o custo de uma logística pesada, alega-se um eventual benefício que a mediatização mundial do facto, possa trazer para Portugal.
É o marketing a falar, enquanto se planeiam os ângulos da filmagem, se arrebanham as crianças para o “décor” e se afinam os coros, para que fique bem marcado o monopólio Papal dos valores morais no sul da Europa e na América do Sul.
Como é com este paradigma que temos de viver, proponho-vos tolerar e passar o dia na praia, à noite ligar a TVCabo, ir ao cinema ou a um Bar de copos para uma conversa, que estes são "dias de S. Feriado" e, se as vossas bolsas aceitarem, nada como umas mini-férias lá fora, que este ruído não ultrapassa a fronteira!
E rezemos para que faça sol, que o Papa está na mesma onda!A maioria ficará por casa nos chinelos, enquanto os que perseguem o topo das carreiras, irão "ver e ser vistos" nas recepções e Santas Missas, onde a Comunicação Social divulga os “banhos de multidão” e “a matriz religiosa do povo português”, compondo com os seus fatos a massa dos que vêem no Além o futuro que lhes é negado em Terra.
Para justificar o impacto negativo na economia, a braços com um PEC que se diz “insuficiente”, a que se acresce o custo de uma logística pesada, alega-se um eventual benefício que a mediatização mundial do facto, possa trazer para Portugal.
É o marketing a falar, enquanto se planeiam os ângulos da filmagem, se arrebanham as crianças para o “décor” e se afinam os coros, para que fique bem marcado o monopólio Papal dos valores morais no sul da Europa e na América do Sul.
Como é com este paradigma que temos de viver, proponho-vos tolerar e passar o dia na praia, à noite ligar a TVCabo, ir ao cinema ou a um Bar de copos para uma conversa, que estes são "dias de S. Feriado" e, se as vossas bolsas aceitarem, nada como umas mini-férias lá fora, que este ruído não ultrapassa a fronteira!
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Carta aberta a Pedro Passos Coelho
Meu caro Passos Coelho
Tinha de te escrever agora, antes de seres 1º Ministro, porque depois nem tempo terás para te coçar, quanto mais para perderes dois minutos nestas linhas.
Tive o prazer de conhecer o teu pai, quando passei por Vila Real, e de o olhar como um oásis, naquela rudeza que era a Saúde em Trás-os-Montes, mas só soube da tua existência na década de 90, quando te vestiste de jovem deputado de questionável mérito.
Agora aos 45 anos atiras-te para a cabeça do touro, confiante que mudas Portugal, com palavras e um grupo heterogéneo de bondade duvidosa. Pensas que “um forte rei, faz forte a fraca gente” e vês-te fermento para os melhores sentimentos nacionais, mas conta que o povo estudou pouco, que abundam inépcias e corrupções, e que, se as racionalizares para conforto da clientela (como fizeram o Papa e o Sócrates), vais ficar pelo caminho.
Conheces os meandros que a malta dos Partidos e da Igreja (e não só), percorre para chegar ao dinheiro, pelo que te não deves esquecer que é neste espaço que se jogam os valores, já que essa conversa do combate ao desperdício e da eficiente fiscalização das Instituições do Estado são bandeiras já muito gastas.
Tinha de te escrever agora, antes de seres 1º Ministro, porque depois nem tempo terás para te coçar, quanto mais para perderes dois minutos nestas linhas.
Tive o prazer de conhecer o teu pai, quando passei por Vila Real, e de o olhar como um oásis, naquela rudeza que era a Saúde em Trás-os-Montes, mas só soube da tua existência na década de 90, quando te vestiste de jovem deputado de questionável mérito.
Agora aos 45 anos atiras-te para a cabeça do touro, confiante que mudas Portugal, com palavras e um grupo heterogéneo de bondade duvidosa. Pensas que “um forte rei, faz forte a fraca gente” e vês-te fermento para os melhores sentimentos nacionais, mas conta que o povo estudou pouco, que abundam inépcias e corrupções, e que, se as racionalizares para conforto da clientela (como fizeram o Papa e o Sócrates), vais ficar pelo caminho.
Conheces os meandros que a malta dos Partidos e da Igreja (e não só), percorre para chegar ao dinheiro, pelo que te não deves esquecer que é neste espaço que se jogam os valores, já que essa conversa do combate ao desperdício e da eficiente fiscalização das Instituições do Estado são bandeiras já muito gastas.
A tua política 3Ds (despartidarizar a Administração, desgovernamentalizar o Estado e desestatizar a Sociedade) parece não contar com a natural perversidade dos privados, e esquecer que se o Estado é mau executor, é ainda pior fiscal, pelo que, é fácil transferir o mal de um lado para o outro, e ficar tudo pior.
Tens ainda 3 anos para chegar a S. Bento, tens boa figura e falas bem o que te dá espaço para escolher quem vai contigo, e estudar como lidar com a violência, pois não te antevejo facilidades, no risco de outros 3Ds (desresponsabilizar a Administração, desmembrar o Estado, desmotivar a Sociedade).
Tens ainda 3 anos para chegar a S. Bento, tens boa figura e falas bem o que te dá espaço para escolher quem vai contigo, e estudar como lidar com a violência, pois não te antevejo facilidades, no risco de outros 3Ds (desresponsabilizar a Administração, desmembrar o Estado, desmotivar a Sociedade).
terça-feira, 13 de abril de 2010
O mundo a preto e branco
Nesse tempo os pretos eram "pretos" e os brancos eram "brancos". Depois alguns pretos transformaram-se em "brancos", enquanto alguns brancos viraram "pretos" e o mundo deixou de ser a preto e branco.
Agora o Arco-Iris está em todo o lado, e já não se adivinha quem é "quem"!
segunda-feira, 12 de abril de 2010
A pressa é má conselheira
O avião que transportava o Presidente da Polónia (Lech Kaczynski), e mais 95 pessoas, entre as quais os principais chefes das Forças Armadas da Polónia, despenhou-se em 10 de Abril quando fazia a 4ª tentativa para aterrar no aeroporto russo de Smolensk.
Iam participar nas cerimónias fúnebres em memória das vítimas da matança de Katyn, em 1941, em que foram executados por ordem de Estaline mais de 20 mil polacos.
Os pilotos não cumpriram as ordens dadas pelos controladores aéreos, que afirmavam condições meteorológicas desfavoráveis à aterragem.
Aparentemente houve ordens do presidente, para que não fossem cumpridas as normas de segurança.
A história repete-se: Alguém que por ter poder e uma qualquer pressa, desvaloriza os pareceres de quem de direito, e dá cabo da vida dos outros, e ... da dele.
Iam participar nas cerimónias fúnebres em memória das vítimas da matança de Katyn, em 1941, em que foram executados por ordem de Estaline mais de 20 mil polacos.
Os pilotos não cumpriram as ordens dadas pelos controladores aéreos, que afirmavam condições meteorológicas desfavoráveis à aterragem.
Aparentemente houve ordens do presidente, para que não fossem cumpridas as normas de segurança.
A história repete-se: Alguém que por ter poder e uma qualquer pressa, desvaloriza os pareceres de quem de direito, e dá cabo da vida dos outros, e ... da dele.
domingo, 11 de abril de 2010
Ética
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Valença - Concordo, mas ...
Oh meus amigos, ZZZ....zzz...
Mas Valença não é uma cidade? E o equipamento mínimo de uma cidade não deve incluir um médico do SNS em permanência?
E uma permanência médica não é necessáriamente um Serviço de Urgência. É uma disponibilidade para situações que afligem a população e que exigem um parecer técnico que pode ser a decisão de envio para uma Urgência Médico-Cirurgica, mas que também pode ser uma melhoria dos cuidados paliativos ou a resolução de um problema que mais não era que "uma aflição".
As palavras têm significado e o termo "Cidade" tem implicações.
Uma cidade sem Ensino Secundário, Posto do Correio, Bombeiros, Farmácia e Forças de Segurança com disponibilidade de 24h, Tribunal, etc ..., não é uma cidade, é, quando muito, ... uma Vila ou uma Aldeia.
Oh meus amigos, ZZZ ... zzz...
Ou desclassificais Valença e a passais a Vila, ou ponham lá uma disponibilidade médica em Permanência, quanto mais não seja para lhe dar um mínimo de dignidade, que isso não tem nada a ver com SIVs e VMERs para as verdadeiras emergências.
terça-feira, 6 de abril de 2010
SIV
Trimmmmm, trimmm, trimmm !!!!
- "Sim! Serviço de Urgência!"
- "Daqui CODU! É para avisar que dentro de 5 minutos irá dar aí entrada, um homem de 85 anos, em provável edema agudo do pulmão. Vai numa ambulância SIV, que iniciou manobras de Suporte Imediato de Vida."
- "Ok! Boa noite! Cá o aguardamos!"
…
- "Enfermeiro! Veja se a Sala de Emergência está pronta, que eu vou pedir à Anestesia para descer. Vai chegar um doente para Reanimação."
- "Enfermeiro! Veja se a Sala de Emergência está pronta, que eu vou pedir à Anestesia para descer. Vai chegar um doente para Reanimação."
...
Abrem-se portas, disponibilizam-se recursos e ficamos à espera, enquanto ultimamos pequenas coisas sempre pendentes.
Eis que surge lá ao fundo uma maca envolta em fardas, umas amarelas e outras vermelhas, que desliza rápida pelo corredor e, num minuto, um homem está deitado na mesa da Sala de Emergência, monitorizado. Tudo como nos filmes.
Dirijo-me a um dos enfermeiros que o trouxe:
-"Então Elisa, onde é que o foram buscar?"
-“Estava em Fanhões. Vive com uma filha, que deve estar aí a chegar, e que nos disse que está acamado há um ano, depois de um AVC o ter deixado afásico e totalmente dependente, mas a fazer-se entender. Tomava esta saca de medicamentos. Hoje passou o dia “esquisito” e à tarde começou a ficar com falta de ar. Quando lá chegámos estava dispneico e suado, TA: 80/40 mmHg. P: 100/minuto. Foi só o tempo de o meter na ambulância e trazê-lo. ... A VMER tinha ido acorrer a um acidente para os lados da Malteca. ... Aqui à entrada do Hospital, piorou e deixou de respirar. Metemos-lhe o Ambu, e viemos com ele assim por aqui dentro!".
Todos ouvimos a história, enquanto se entubava, ventilava e monitorizava o doente.
...Abrem-se portas, disponibilizam-se recursos e ficamos à espera, enquanto ultimamos pequenas coisas sempre pendentes.
Eis que surge lá ao fundo uma maca envolta em fardas, umas amarelas e outras vermelhas, que desliza rápida pelo corredor e, num minuto, um homem está deitado na mesa da Sala de Emergência, monitorizado. Tudo como nos filmes.
Dirijo-me a um dos enfermeiros que o trouxe:
-"Então Elisa, onde é que o foram buscar?"
-“Estava em Fanhões. Vive com uma filha, que deve estar aí a chegar, e que nos disse que está acamado há um ano, depois de um AVC o ter deixado afásico e totalmente dependente, mas a fazer-se entender. Tomava esta saca de medicamentos. Hoje passou o dia “esquisito” e à tarde começou a ficar com falta de ar. Quando lá chegámos estava dispneico e suado, TA: 80/40 mmHg. P: 100/minuto. Foi só o tempo de o meter na ambulância e trazê-lo. ... A VMER tinha ido acorrer a um acidente para os lados da Malteca. ... Aqui à entrada do Hospital, piorou e deixou de respirar. Metemos-lhe o Ambu, e viemos com ele assim por aqui dentro!".
Todos ouvimos a história, enquanto se entubava, ventilava e monitorizava o doente.
O traçado ECG no monitor é irregular.
- "Tem tensões?" pergunto, ao ver dois traços no local onde elas já deviam ter aparecido.
– "Não tem! Ponho aminas?" pergunta o enfermeiro Manuel.
...
Olho para o homem. Emagrecido, com fralda, sem dentes, com uma mão anquilosada sobre o peito, os pés em hiperextensão, de quem já nem levantes faz, e lembro-me do ar jocoso de um médico velhote que conheci em Vila Real há uns trinta anos, quando me via correr atrás de casos bem menos graves que este: “Pois é! Vocês tratam-nos à moderna, mas eles morrem à antiga!” e decido:
- "Vamos parar com isto. Está bem!?”
- "Tem tensões?" pergunto, ao ver dois traços no local onde elas já deviam ter aparecido.
– "Não tem! Ponho aminas?" pergunta o enfermeiro Manuel.
...
Olho para o homem. Emagrecido, com fralda, sem dentes, com uma mão anquilosada sobre o peito, os pés em hiperextensão, de quem já nem levantes faz, e lembro-me do ar jocoso de um médico velhote que conheci em Vila Real há uns trinta anos, quando me via correr atrás de casos bem menos graves que este: “Pois é! Vocês tratam-nos à moderna, mas eles morrem à antiga!” e decido:
- "Vamos parar com isto. Está bem!?”
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Violência psicológica na Escola
O Rapa-Côdeas tinha mau feitio. Ganhara aquele nome depois de alguém o ter observado a retirar material inerte do nariz, enrolá-o entre o indicador e o polegar, e atirá-lo para o aluno que queria inquirir, enquanto lhe dizia: -“Diz tu!”
Aquele “Diz tu” com que corria as carteiras uma a uma, fazia-nos tremer e temer o “chumbo” no fim do ano. Sim, que o “Rapa” não era para brincadeiras. E que o diga o Valente que era meio gago e que, três antes dele, já tentava pôr a primeira sílaba na garganta, para não perder a oportunidade. Quantas vezes o deixava no Gue… Gue… e passava para o seguinte “Diz tu!”.
Mas há que reconhecer que ele se preocupava e obrigava a pensar nos "que e como" , para que o Português merecesse honras de 5ª língua mais falada do mundo.
Nesse dia era Camões que se lia.
- "Oh Antunes, sobe ao estrado e lê o poema da página 56 da Selecta Literária: Descalça vai para a fonte..."
O Antunes, não era dos mais expeditos, e o ar severo do “Rapa” tolhia-lhe o pensamento. Subiu aquele cadafalso com os olhos baixos e começou a ler monocordicamente, com voz sumida: - "Descalça vai para a fonte Leonor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado, Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura."
O "Rapa" deixou-o terminar, sentindo que ele não tinha entendido o que lêra. Depois, para que organizasse o pensamento, disse-lhe, esforçando-se por manter a calma:
-“Já vimos que sabes ler. Agora vais voltar a lê-lo mais alto, para todos ouvirmos, como se nos estivesses a contar uma história!”
O Antunes, encheu o peito e retomou o poema, declamando mais audível e soletrado:
- “Descalça vai para a fonte, ... Leonor pela verdura ….Vai fermosa, e não segura."
Parou, a ver o efeito, e continuou:- “Leva na cabeça o pote, ... O testo nas mãos de prata…”,
- “Pára!”, interrompeu o "Rapa", quando ele já dava indícios de algum ânimo. - “Diz-me lá o que é um pote?”
Aquela pergunta, numa altura em que ele se concentrava no modo como deveria declamar, gelou-lhe o sangue. Olhou para o professor, depois suplicante para nós, e ao segundo “Então?” do "Rapa", responde:
- “Um pote é ... ... um ... ... penico!”, perpetrando um dos muitos assassínios linguísticos que arrasavam a pouca tolerância do "Rapa", que nunca ousaria pensar que Camões pudesse fazer uma ode a uma linda mulher, na altura em que ela ia à fonte lavar um penico cheio de dejectos.
-“Já vimos que sabes ler. Agora vais voltar a lê-lo mais alto, para todos ouvirmos, como se nos estivesses a contar uma história!”
O Antunes, encheu o peito e retomou o poema, declamando mais audível e soletrado:
- “Descalça vai para a fonte, ... Leonor pela verdura ….Vai fermosa, e não segura."
Parou, a ver o efeito, e continuou:- “Leva na cabeça o pote, ... O testo nas mãos de prata…”,
- “Pára!”, interrompeu o "Rapa", quando ele já dava indícios de algum ânimo. - “Diz-me lá o que é um pote?”
Aquela pergunta, numa altura em que ele se concentrava no modo como deveria declamar, gelou-lhe o sangue. Olhou para o professor, depois suplicante para nós, e ao segundo “Então?” do "Rapa", responde:
- “Um pote é ... ... um ... ... penico!”, perpetrando um dos muitos assassínios linguísticos que arrasavam a pouca tolerância do "Rapa", que nunca ousaria pensar que Camões pudesse fazer uma ode a uma linda mulher, na altura em que ela ia à fonte lavar um penico cheio de dejectos.
domingo, 4 de abril de 2010
Corrida de Galgos
Há anos, num programa de TV, uma artista indiana falava de Calcutá, dizendo ser uma cidade maravilhosa, onde numa mesma rua se podia estar em todos os séculos, do XI ao XXI. Então, eu ainda não entendia a Índia como um dos BRICs, mas deu-me para pensar que não faz falta “mais ciência”, antes de “integrar o muito que já se sabe”.
Nos dias de hoje, os indivíduos mais esclarecidos, vivem diariamente o medo da desactualização, quer na profissão quer nos dispositivos ou funcionalidades que continuamente surgem, pois sentem-na como um espectro que os poderá relegar para a marginalização social, e assim, junto com os menos esclarecidos, passarem a viver na dependência da "boa vontade dos outros”.
Temos facilidades de deslocação e acessos democráticos à informação, mas falta-nos o "tempo para pensar", neste dia-a-dia em que esbracejamos para melhorarmos o posto que ocupamos. Aprendemos a correr contra o tempo. Deitamo-nos tarde e acordamos cedo atrás das lebres mecânicas, quais galgos, na esperança (vã) de as apanhar.
Deslumbramo-nos com o acessório e aplicamo-lo, para depois o substituirmos por ineficaz ou prejudicial, para de seguida repetir os mesmos ciclos em nome de uma actualização que responde às necessidades das Economias e não dos indivíduos.
Perdemos a noção do Equilíbrio como fonte de bem-estar e fazemos do “muito” o paradigma do bom.
Não critico a tecnologia que permite soluções que prolongam a vida humana e dá comodidades. Mas vejo nesta corrida de galgos um impedimento à coesão social, e um caminho curto para a nossa aniquilação como espécie.
sábado, 3 de abril de 2010
Carneiros de Panúrgio
Panúrgio é um personagem de Rabelais.
Durante uma viagem de barco no mar, Panúrgio tem uma querela com Dindenault, comerciante de carneiros, que levava o rebanho consigo. Para se vingar, Panúrgio compra-lhe um carneiro por um preço elevado e atira-o ao mar. O exemplo e os balidos deste, levam os outros carneiros a segui-lo e, até o comerciante agarrado ao último, se afogam.
Durante uma viagem de barco no mar, Panúrgio tem uma querela com Dindenault, comerciante de carneiros, que levava o rebanho consigo. Para se vingar, Panúrgio compra-lhe um carneiro por um preço elevado e atira-o ao mar. O exemplo e os balidos deste, levam os outros carneiros a segui-lo e, até o comerciante agarrado ao último, se afogam.
“Carneiros de Panúrgio” designa pessoas que seguem as outras sem reflectir.
É este o estar actual - passivo, confuso e incapaz de entender a “verdade” política ou o bem comum.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
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