sábado, 30 de abril de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
O Dr. Rino
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Exemplos
O Governador do Banco de Portugal diz que: "É crucial que os decisores de política e os gestores públicos prestem contas e sejam responsabilizados pela utilização que fazem dos recursos postos à sua disposição pelos contribuintes … . Endividaram-se e não quiseram cumprir regras europeias apesar do objectivo de atingir um saldo orçamental próximo do equilíbrio ter sido sistematicamente reiterado …”.
Mas quem é esta gente? Não tem nome? E quem é que os vai responsabilizar?
Mas quem é esta gente? Não tem nome? E quem é que os vai responsabilizar?
- Os Tribunais?, ou o povo na rua em milícias populares?
O Estado atribui funções a um gestor que implicam um vencimento e o cumprimento das regras. Por corrupção, incompetência ou vaidade incontrolada, ultrapassa o orçamento que lhe foi disponibilizado, e no fim … NÃO ACONTECE NADA?
A um funcionário são atribuídas funções de chefia e a sua actividade é pautada por frequentes incumprimentos. A qualidade do serviço por que é responsável degrada-se, e no fim … NÃO ACONTECE NADA?
O Estado atribui funções a um gestor que implicam um vencimento e o cumprimento das regras. Por corrupção, incompetência ou vaidade incontrolada, ultrapassa o orçamento que lhe foi disponibilizado, e no fim … NÃO ACONTECE NADA?
A um funcionário são atribuídas funções de chefia e a sua actividade é pautada por frequentes incumprimentos. A qualidade do serviço por que é responsável degrada-se, e no fim … NÃO ACONTECE NADA?
Se calhar é necessário perguntar se não há qualquer compromisso entre eles.
É que são exemplos destes que servem de mote a quem vive de expedientes.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
O enxerto
Dr. ! Eu isso pergunto a um tio do meu marido que é “pró”. Ele está reformado dos Correios, mas esteve sempre ligado à agricultura. Tem os terrenos cultivados que dá gosto. Mas é miudinho até dizer chega! Olhe que já o vi à noite a separar em cima de uma mesa de vidro, baldes de tremoços em pequenos, médios e grandes, com a televisão ligada em frente. Parece que os grandes são para vender, os médios para replantar e os pequenos para adubo! Faz aquilo à mão. Eu comprava um crivo, mas ele gosta de fazer aquilo assim! Tem uma conversa capaz de secar uma palmeira, mas é muito boa pessoa e faz muito bem enxertos.
Há um ano pedimos-lhe para ele ir lá a casa enxertar uma pereira que, apesar dos tratamentos, só dava peras podres. Enquanto trabalhava esteve sempre a falar com a árvore e até lhe pôs a sua “saliva milagrosa”, mas no mês seguinte a pereira morreu. A minha mãe diz que foi da conversa.
Há um ano pedimos-lhe para ele ir lá a casa enxertar uma pereira que, apesar dos tratamentos, só dava peras podres. Enquanto trabalhava esteve sempre a falar com a árvore e até lhe pôs a sua “saliva milagrosa”, mas no mês seguinte a pereira morreu. A minha mãe diz que foi da conversa.
terça-feira, 26 de abril de 2011
A Incompetência
Sempre me embaraçou a incompetência. Venha ela de onde vier. Ao erro estamos todos sujeitos, mas quando nos metemos a fazer coisas para as quais não adquirimos ou perdemos competências, merecemos punição.
O gesto inteligente é pedir ajuda, e não jogar na baixa probabilidade de poder correr bem e sermos uns heróis.
Um amigo meu diz que "só domina uma técnica quem é capaz de resolver as suas complicações". Fazer direito quando tudo corre bem, tem muito pouco saber, digo eu.
Na Medicina, a incompetência é uma aflição, pois pode não haver tempo para corrigir.
Aqui os grandes incompetentes vestem-se de gente “séria”, fazem um jogo complexo de partilha de confidências e amabilidades subservientes, e com isso conseguem a bonomia dos seus pares e chefias quando a bronca lhes rebenta nas mãos.
Como se actuarem isolados correm o risco de reprimenda, "sabedores do que a casa gasta", encobrem-se em embrulhadas que envolvam outros, inibindo assim quem não sabe ou não quer diferenciar o erro da incompetência.
Como estes são a maioria, a burrice floresce … democraticamente.
O gesto inteligente é pedir ajuda, e não jogar na baixa probabilidade de poder correr bem e sermos uns heróis.
Um amigo meu diz que "só domina uma técnica quem é capaz de resolver as suas complicações". Fazer direito quando tudo corre bem, tem muito pouco saber, digo eu.
Na Medicina, a incompetência é uma aflição, pois pode não haver tempo para corrigir.
Aqui os grandes incompetentes vestem-se de gente “séria”, fazem um jogo complexo de partilha de confidências e amabilidades subservientes, e com isso conseguem a bonomia dos seus pares e chefias quando a bronca lhes rebenta nas mãos.
Como se actuarem isolados correm o risco de reprimenda, "sabedores do que a casa gasta", encobrem-se em embrulhadas que envolvam outros, inibindo assim quem não sabe ou não quer diferenciar o erro da incompetência.
Como estes são a maioria, a burrice floresce … democraticamente.
domingo, 24 de abril de 2011
O jornal
Quem contava isso era a Cacilda, que o homem era da terra dela. Talvez a tivesse ouvido à mãe que foi professora primária. Vizela, naquela altura tinha umas Termas muito concorridas.
O “Manuelzinho das Pimpas”, enriquecera com o vinho, mas mantivera-se analfabeto. Ficou-lhe o nome por andar sempre a falar das pimpas que produzia.
Quando ia a Vizela, ficava intrigado com as esplanadas dos cafés cheias de termalistas a ler o jornal. Até que um dia resolveu comprar um, embora não soubesse ler.
Numa das bancas perguntou: -“Quanto custa o jornal?” Responderam-lhe: - “Dez tostões!”, e aí ele retrucou, espantado: - “Eh, carago! Que barato! Dê-me dois!”.
sábado, 23 de abril de 2011
Dr. dê-me um tónico!
Sr. Dr.! Dói-me a crise
Dói-me a dívida
Mais as tricas
E os resgates.
Sinto as toikas
Que decidem a insolvência
E a estratégia
Que me cansa a paciência.
Oh! Dr.! O que é que faço
Com o rating
Q’inviabiliza o manifesto
E o orçamento
Que me põe em baixo o mento?
O que é que digo
aos omissos compromissos
Que não querem execução?
Sr. Dr.! Pense um pouco
E me diga o que valem os milhões
e complementos
dessa dívida soberana
que empurra os credores,
esses senhores
E os custos desses justos.
Dr. Eu não durmo
Com o financiamento do momento
a reestruturação da recessão
A maturidade dos títulos
E os cenários mais prováveis!
Dr.! Eu desmaio com os custos
e a pressão da convergência
dos mercados atiçados
Em austeridades de cão
Oh Dr. dê-me um fôlego
que me tire do fracasso
Que me torne a carne em aço
e me escude destes PIB, destes PEC
Destes Fundos
Dos empréstimos
Das rejeições oficiais
das impertinências dos jornais
e me deixe a porta aberta
p’ra que eu possa respirar
Dr. dê-me um tónico por favor!
Dói-me a dívida
Mais as tricas
E os resgates.
Sinto as toikas
Que decidem a insolvência
E a estratégia
Que me cansa a paciência.
Oh! Dr.! O que é que faço
Com o rating
Q’inviabiliza o manifesto
E o orçamento
Que me põe em baixo o mento?
O que é que digo
aos omissos compromissos
Que não querem execução?
Sr. Dr.! Pense um pouco
E me diga o que valem os milhões
e complementos
dessa dívida soberana
que empurra os credores,
esses senhores
E os custos desses justos.
Dr. Eu não durmo
Com o financiamento do momento
a reestruturação da recessão
A maturidade dos títulos
E os cenários mais prováveis!
Dr.! Eu desmaio com os custos
e a pressão da convergência
dos mercados atiçados
Em austeridades de cão
Oh Dr. dê-me um fôlego
que me tire do fracasso
Que me torne a carne em aço
e me escude destes PIB, destes PEC
Destes Fundos
Dos empréstimos
Das rejeições oficiais
das impertinências dos jornais
e me deixe a porta aberta
p’ra que eu possa respirar
Dr. dê-me um tónico por favor!
sexta-feira, 22 de abril de 2011
O Subsídio
- Faz favor de se sentarem!
- Antes de mais, Sr. Dr., quero agradecer ter antecipado a consulta da minha filha para hoje. De facto, como ela estuda Design Gráfico nas Caldas da Rainha, tinha de faltar às aulas, sem contar com o incómodo das deslocações a meio da semana!
- De nada! Mas do modo como a sua familiar, que é aqui enfermeira, me falou, deixou-me pouca possibilidade de recusar. Mas então qual é o problema!
- Dr.! Ela sofre da rinite alérgica. Andou anos na consulta de Pediatria, chegou a fazer vacinas e melhorou. Ocasionalmente ainda tem crises de falta de ar, como a última, há uns quatro meses, em que teve de ir às urgências depois de uma constipação. Agora toma todos os dias Aerius, um spray para o nariz e o Singulair e anda bem. ... Mas a principal razão desta consulta é a declaração para o subsídio!
- Bem! Assim à primeira vista, a sua filha, parece saudável, mas deixe-me observá-la, não vá aparecer qualquer surpresa.
… minutos depois concluo:
- Desculpe, minha senhora, mas eu não lhe passo esse documento, porque a sua filha, apesar de ter uma rinite alérgica e uma asma intermitente, é uma pessoa saudável e com normal capacidade de esforço!
E pronto! ... A partir daqui esmorecem os sorrisos, e inicia-se a via dolorosa para a fazer entender que esse subsídio, que lhe foi dado por múliplos médicos, é um abuso. Não entende, e responde-me como se eu não tivesse dito nada:
- Dr.! Ela sempre teve subsídio! Só agora, por o médico dela se ter reformado e já não ser aceite na Pediatria, é que ficou sem ter quem lho passasse.
- Lamento, minha senhora! Mas isto não tem nada de pessoal. Recuso pôr uma cruz num quadrado, onde identifico um doente como “deficiente”, por ter uma alergia desta gravidade, só para dar direito a um subsídio aos pais com crianças deficientes a seu cargo.
- O Dr. podia passar. Não lhe custava nada!
- De facto não custava. Quem iria pagar era o Estado, e não faria diferente do que a maior parte dos alergologistas fez, e não sei se ainda faz. Mas não é esse o meu entendimento.
- Dr.! Desculpe insistir, mas nós já contamos com esse dinheiro para o plano do mês!
- É definitivo. Não passo! E digo-lhe mais. Sempre que recebo algum doente que vem da Pediatria é quase obrigatória uma conversa deste teor, independentemente da capacidade financeira das famílias.
- O Dr. não passa, mas eu sei que há médicos que passam, que um vizinho meu, recebe!
- Então pergunte-lhe quem foi o médico que passou esse documento, vá ao seu consultório e peça-lho! Aqui tem a receita e a marcação para Agosto, para não faltar às aulas.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Bocage
Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co'o sacrílego gigante;
Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.
Ludíbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.
Modelo meu tu és, mas... oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Conversa ao Café
-Mas porque é que não me conta?
-Na altura calei-me, e agora não tenho moral para falar, mas se o tivesse denunciado tinha infernizado a minha vida e a dos meus.
- Aceito! Mas passado tanto tempo, há coisas que perdem actualidade e são observadas com outros olhos!
- O Dr. sabe, tão bem como eu, que havia médicos que se cobravam das cirurgias que faziam aqui no Hospital público. Olhe que, a um deles, um familiar meu pagou duzentos e cinquenta contos … em Libras. Também era gentinha da aldeia que fazia tudo o que lhe pediam.
- Eu sempre "ouvi falar" em coisas dessas, mas nunca tive prova de que fosse verdade. Sei de doentes que iam aos consultórios particulares com o intuito de terem preferência e serem operados mais rapidamente no público. Um deles, que era construtor civil, até ouviu "eu opero-o pela Caixa, se você me vender também uma casa pela Caixa!", mas de pagamentos ... por cirurgias efectuadas cá dentro, nunca soube de fonte fidedigna!
- Oh Dr., deixe-me estar calada! A Dra. X que agora anda aí, pelas igrejas e em “acções humanitárias”, tinha um tal desrespeito pelos doentes, que eu ainda agora me admiro como ninguém lhe pôs travão! Eu sei que em todas as profissões há maus profissionais. Pena é que as chefias não queiram ou não tenham meios para os travar.
-Na altura calei-me, e agora não tenho moral para falar, mas se o tivesse denunciado tinha infernizado a minha vida e a dos meus.
- Aceito! Mas passado tanto tempo, há coisas que perdem actualidade e são observadas com outros olhos!
- O Dr. sabe, tão bem como eu, que havia médicos que se cobravam das cirurgias que faziam aqui no Hospital público. Olhe que, a um deles, um familiar meu pagou duzentos e cinquenta contos … em Libras. Também era gentinha da aldeia que fazia tudo o que lhe pediam.
- Eu sempre "ouvi falar" em coisas dessas, mas nunca tive prova de que fosse verdade. Sei de doentes que iam aos consultórios particulares com o intuito de terem preferência e serem operados mais rapidamente no público. Um deles, que era construtor civil, até ouviu "eu opero-o pela Caixa, se você me vender também uma casa pela Caixa!", mas de pagamentos ... por cirurgias efectuadas cá dentro, nunca soube de fonte fidedigna!
- Oh Dr., deixe-me estar calada! A Dra. X que agora anda aí, pelas igrejas e em “acções humanitárias”, tinha um tal desrespeito pelos doentes, que eu ainda agora me admiro como ninguém lhe pôs travão! Eu sei que em todas as profissões há maus profissionais. Pena é que as chefias não queiram ou não tenham meios para os travar.
- É verdade. No nosso país a Justiça cria tantas dificuldades que, se do lado de lá está alguém com dinheiro, quem sai enchovalhado somos nós.
terça-feira, 19 de abril de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Diagnose Póstuma
É uma realidade. Depois do diagnóstico, não falta quem apareça a explicar todos os meandros dos "como e dos porquês".
É assim em todas as áreas do conhecimento, da Medicina à Política. Tudo é complexo quando não conseguimos encontrar uma linha de pensamento que nos leve à solução (o tal fio que Ariadne colocou no Labirinto e que permitiu a Teseu matar o Minotauro), mas uma vez colocados no caminho correcto, a evidência é tão grande que começamos a pensar que fomos nós que tivemos a ideia.
No Mundo Ocidental (à excepção da Alemanha) as autópsias sem intuito Médico-Legal, caíram em desuso, não só porque a qualidade dos estudos imagiológicos melhorou muito, mas também porque os médicos se confrontavam frequentes vezes com resultados inesperados e determinantes para o desenlace fatal, que na mesa de autópsia os desacreditavam.
Actualmente, na Política, é mais difícil enterrar os erros e não faltam na Comunicação Social os painéis de comentadores a fazer "diagnose póstuma".
É que "Depois da noiva casada, não faltam pretendentes!"
É assim em todas as áreas do conhecimento, da Medicina à Política. Tudo é complexo quando não conseguimos encontrar uma linha de pensamento que nos leve à solução (o tal fio que Ariadne colocou no Labirinto e que permitiu a Teseu matar o Minotauro), mas uma vez colocados no caminho correcto, a evidência é tão grande que começamos a pensar que fomos nós que tivemos a ideia.
No Mundo Ocidental (à excepção da Alemanha) as autópsias sem intuito Médico-Legal, caíram em desuso, não só porque a qualidade dos estudos imagiológicos melhorou muito, mas também porque os médicos se confrontavam frequentes vezes com resultados inesperados e determinantes para o desenlace fatal, que na mesa de autópsia os desacreditavam.
Actualmente, na Política, é mais difícil enterrar os erros e não faltam na Comunicação Social os painéis de comentadores a fazer "diagnose póstuma".
É que "Depois da noiva casada, não faltam pretendentes!"
domingo, 17 de abril de 2011
Beethoven para visuais
Há os auditivos, que “emprenham pelos ouvidos”, e os visuais, que não resistem ao belo.
Ambos são vítimas, se ninguém os ajudar.
Este 2º andamento da 7ª Sinfonia de Beethoven é para ver e ouvir … muitas vezes! Primeiro porque é excepcional. Depois porque é um desafio procurar identificar visualmente os diferentes instrumentos e as suas melodias.
sábado, 16 de abril de 2011
A Natureza
Ahhh! a Natureza!
A Natureza é tão linda! Os passarinhos no céu, as formiguinhas nos seus carreiros, as flores, o sol, o calor …
Mas, no meu jardim, mal acaba o tempo frio ... começam os meus trabalhos. É podar, limpar das folhas caídas, desenvencilhar-me das ervas daninhas, matar o piolho, a cochonilha, o pedrado da maçã, a lepra do pessegueiro, mais a toupeira e os ratos na lenha, desparasitar o cão e o gato, cortar relva, verificar o sistema de rega …
É que a natureza deixada à solta, é muito agressiva!
A Natureza é tão linda! Os passarinhos no céu, as formiguinhas nos seus carreiros, as flores, o sol, o calor …
Mas, no meu jardim, mal acaba o tempo frio ... começam os meus trabalhos. É podar, limpar das folhas caídas, desenvencilhar-me das ervas daninhas, matar o piolho, a cochonilha, o pedrado da maçã, a lepra do pessegueiro, mais a toupeira e os ratos na lenha, desparasitar o cão e o gato, cortar relva, verificar o sistema de rega …
É que a natureza deixada à solta, é muito agressiva!
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Fim de festa
- E as luzes?
- Como o sol do meio-dia!
- E o foguetório?!
- Do melhor! Morra o homem, fique a fama!
- E quem paga?
- Depois, vê-se!
Parece que o FMI quer por ordem em Portugal e acabar com a festa dos nossos políticos e aprendizes, espalhados pelo Poder Local.
Fico á espera da receita para a Justiça.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Carta aberta à Administração Pública
Os nossos políticos são os representantes da grande massa portuguesa que não estuda, que nem um dicionário tem em casa, da malta do desenrasca incapaz de compreender um livro de instruções, dos que enchem a boca com direitos e que ignoram os deveres, mas que teima em entrar para o clube dos que se preocupam em trabalhar com qualidade e eficiência.
Entendem bem quem chega ao emprego e vai tomar o pequeno-almoço, quem a meio da manhã se ausenta para um demorado café, quem vos dá desculpas esfarrapadas para um qualquer incumprimento, porque o seu passado é feito disso mesmo.
Uma vez eleitos, sabem (por intuição), como se aguentar. Primeiro promovem um dos típicos eleitores a um lugar de visibilidade, para que seja ele a interface com esse povo, à semelhança do que faziam os "capo" nos campos de concentração nazis, também eles recrutados entre os oprimidos.
Surgem então os Varas, os Oliveiras e os "boys", que se irão encarregar de recrutar para a administração pública os "yesmen" coxos, a que outros se irão chegar na esperança de uma benesse. Fica assim criado um círculo de protecção. Depois só têm de justificar as asneiras com uma lógica de benefício institucional que tornaram "inevitáveis" o agravamento das já gravosas dificuldades orçamentais.
O resultado final é estarmos dirigidos por palermas atormentados com a sua promoção social. Gentinha que se pavoneia em carros desportivos ou topo da gama, cheia de trejeitos, com as hesitações disfarçadas de altivez, que enoja os atentos e atemoriza a populaça.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Pensamentos
Página 116 de "Tempo contado" Sexta-feira, 2 de Setembro – Folheio os diários que escrevi na adolescência e ainda me envergonha o ver-me neles nu e tão ingénuo. Os que mantive ao redor dos trinta anos envergonham-me pelo romantismo, a fantasia, a ilusão em que eu vivia de que com entusiasmo e solidariedade se salvaria o mundo.
...
e eu que não consigo aprender isto!
terça-feira, 12 de abril de 2011
É de graça!
Sempre duvidei do que, sem ser por amizade, me ofereciam. Talvez tudo tenha começado com os jogos do Liceu quando, para nos medirmos, criávamos situações embaraçosas para os colegas menos próximos. Ficou-me o jeito de desconfiar "quando a esmola é grande", de me não impressionar com as lantejoulas e de só "comprar" depois de bem ouvir o som que lhe está apenso. Mais tarde aprendi a não gostar dos "calados".
Surpreende-me a incapacidade de responder "Não!" ao que é "de graça ou quase", desta gente que assumiu responsabilidades por todos nós, pois raramente fazem contas ao preço da manutenção.
Assumem que o "dinheiro barato" é "de graça ou quase" e disparam-se em auto-estradas, TGVs, megahospitais, megaescolas e outros grandes equipamentos, como se um país só funcionasse numa euforia de mobilidade de toda a população.
Mas se os políticos têm estes comportamentos nos gabinetes, dentro das casas a população copia-os, numa irresponsabilidade onde o supérfluo é rei e o essencial escasseia.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
FMI
Quando nos disponibilizamos para um jogo, devemos dominar as suas regras e estar atento ao desenrolar das jogadas. Se não cumprimos regras e nos distraímos dos objectivos, é certo que saíremos penalizados, mesmo que pontualmente possamos ter sucesso com um expediente qualquer.
Os batoteiros perdem objectivos, com os “rodriguinhos” para impressionar os papalvos. Depois queixam-se das arbitragens e falam em “vitória moral” e em “quase golos” para alimentar a bazófia.
Os batoteiros perdem objectivos, com os “rodriguinhos” para impressionar os papalvos. Depois queixam-se das arbitragens e falam em “vitória moral” e em “quase golos” para alimentar a bazófia.
domingo, 10 de abril de 2011
Um embaraço
- Eu nunca pensei que ele fosse acreditar! C'um raio, ele era engenheiro! Disse aquilo para fazer graça antes da reunião, quando me perguntaram novas de Lisboa! Nessa altura estavam a construir o Metro e muitas das conversas andavam à volta disso. Os outros não ligaram, só ele é que se indignou.
- E como é que disseste?
- Eu disse, com ar de espanto, qualquer coisa no género: "Vão abrir uma entrada do Metro na barriga do cavalo do D. José!", e o tipo acreditou! Depois ainda aumentei o grau de incredibilidade daquilo, com outras impossibilidades, sem sucesso! Fiquei embaraçado! Aquilo era uma coisa que se percebia imediatamente que não podia ser. ... Por fim tive de lhe dizer que era mentira, e ele ficou fulo. ... Eu não queria de forma nenhuma ridicularizá-lo!
sábado, 9 de abril de 2011
quinta-feira, 7 de abril de 2011
O Arnaldo
- E quando é que isso foi?
- Sei lá. Talvez em meados de 1950. Eu era responsável pela Brigada do Sul do Fomento Mineiro e tinha delegado no Arnaldo a tesouraria. Ele era um bom funcionário. Talvez fosse informador da PIDE, porque me avisou que lhe tinham perguntado coisas sobre mim, mas, nessa altura até o médico lá de casa, quando eu lhe disse que devia ser o único funcionário público superior, de Beja, a não ter ido votar, ele respondeu: “Não foi o único! … Houve outro!”. Estava tudo vigiado! Isso deve ter sido depois da eleição do Craveiro Lopes.
Mas voltando ao Arnaldo. Um dia o Director de Serviço, que estava no Porto, telefonou-me a perguntar quem era o responsável pelas contas, e que ia mandar auditar a contabilidade da secção. Disse-lhe que isso era da minha responsabilidade, mas que tinha delegado essa funções no Arnaldo. Bem! Veio então o Gonçalves! Lembras-te dele! Era um tipo muito educado e correcto. Passou aquilo a pente fino e viu que faltavam catorze contos. Na altura aquilo era muito dinheiro. Eu ganhava mil e seiscentos escudos por mês e os operários que andavam no campo ganhavam quinze escudos por dia. Vê lá! Ele não devia ganhar mais de quinhentos escudos.
Quando soube daquilo, chamei dois agentes técnicos que tinham metido vales, um de nove e outro de dois contos, para que pagassem. Um deles pagou logo, o outro ainda teve de pedir dinheiro ao Banco. Quanto ao Arnaldo, foi um problema, já que ele não deu qualquer explicação. Dei-lhe um prazo. Depois veio a mãe chorar, e por fim ou vendeu qualquer bem ou conseguiu um empréstimo e pagou.
Uns meses depois passou por lá o director em visita de rotina, e no meio de outros assuntos perguntou pelo caso. Disse-lhe que ele tinha pago e que a partir daí a contabilidade tinha voltado à minha responsabilidade directa, mas ele não ficou satisfeito e disse-me: “Ele tem de ir embora!” e assim foi. Chamou-se o homem e ele pediu rescisão do contrato.
Nessa altura não se contemporizava com certos erros. Não era como agora!
- Sei lá. Talvez em meados de 1950. Eu era responsável pela Brigada do Sul do Fomento Mineiro e tinha delegado no Arnaldo a tesouraria. Ele era um bom funcionário. Talvez fosse informador da PIDE, porque me avisou que lhe tinham perguntado coisas sobre mim, mas, nessa altura até o médico lá de casa, quando eu lhe disse que devia ser o único funcionário público superior, de Beja, a não ter ido votar, ele respondeu: “Não foi o único! … Houve outro!”. Estava tudo vigiado! Isso deve ter sido depois da eleição do Craveiro Lopes.
Mas voltando ao Arnaldo. Um dia o Director de Serviço, que estava no Porto, telefonou-me a perguntar quem era o responsável pelas contas, e que ia mandar auditar a contabilidade da secção. Disse-lhe que isso era da minha responsabilidade, mas que tinha delegado essa funções no Arnaldo. Bem! Veio então o Gonçalves! Lembras-te dele! Era um tipo muito educado e correcto. Passou aquilo a pente fino e viu que faltavam catorze contos. Na altura aquilo era muito dinheiro. Eu ganhava mil e seiscentos escudos por mês e os operários que andavam no campo ganhavam quinze escudos por dia. Vê lá! Ele não devia ganhar mais de quinhentos escudos.
Quando soube daquilo, chamei dois agentes técnicos que tinham metido vales, um de nove e outro de dois contos, para que pagassem. Um deles pagou logo, o outro ainda teve de pedir dinheiro ao Banco. Quanto ao Arnaldo, foi um problema, já que ele não deu qualquer explicação. Dei-lhe um prazo. Depois veio a mãe chorar, e por fim ou vendeu qualquer bem ou conseguiu um empréstimo e pagou.
Uns meses depois passou por lá o director em visita de rotina, e no meio de outros assuntos perguntou pelo caso. Disse-lhe que ele tinha pago e que a partir daí a contabilidade tinha voltado à minha responsabilidade directa, mas ele não ficou satisfeito e disse-me: “Ele tem de ir embora!” e assim foi. Chamou-se o homem e ele pediu rescisão do contrato.
Nessa altura não se contemporizava com certos erros. Não era como agora!
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Histórias do meu pai
Nas nossas Universidades, a par com professores competentes, que se mantêm ao corrente dos progressos nas matérias que ensinam, sempre houve docentes que se acomodam ao conforto e à impunidade das cátedras a que ascenderam, sem se preocuparem em transmitir conhecimentos actualizados, realmente úteis aos futuros licenciados.
No início da década de 40 do passado século, havia um professor de avançada idade que, tendo sido nomeado Director da Faculdade de Engenharia, não se dispensara de reger a cadeira de Teoria Geral e Descrição de Máquinas, que era comum a todos os ramos da Engenharia.
Antes do início das aulas teóricas, enchia o quadro preto com os tópicos da matéria que iria debitar, e como não eram marcadas faltas e havia “sebentas” de anos anteriores com reprodução fiel do que constava dessas aulas, a assistência era muito reduzida.
Depois de se terem observado os seus exames finais, chegou-se à conclusão de que o seu leque de perguntas era muito reduzido, pelo que se generalizou a ideia de que para ser aprovado, bastaria estudar o que constasse de um “disco” que era passado entre os alunos. Quem não soubesse responder às perguntas desse “disco”, estava irremediavelmente reprovado. Uma pergunta do “disco” era a descrição da “caldeira de retorno de chama”, que, já nessa data, só alguns barcos usavam. E reprovou um desgraçado, que não acertou com a localização da porta da referida caldeira, depois de ter desenhado todos os seus componentes e de ter dado todas as explicações, só porque: “Quem não sabe isto, não passa!”.
Outra das perguntas era: “Quais as tendências modernas na construção das caldeiras?” … e isto numa época em que o uso de caldeiras para produção de energia estava em acentuado declínio, dando lugar aos motores Diesel e de explosão. Todavia, ele parecia ignorar o facto, pois sobre eles nem uma palavra dizia.
Os alunos que tinham conhecimento do “disco”, sabiam o modo como ele gostava das respostas, mas os que só tinham estudado pelas “sebentas”, reproduziam o que delas constava, e começavam dizendo:
"As tendências modernas na construção das caldeiras são 14!"
Aí, ele irritava-se e reagia:
"Não sei se são 14, se são mais ou se são menos! Diga lá quais são!"
E o inferiorizado examinando, num esforço de memória, desatava a mencioná-las uma a uma, de acordo com a “sebenta”. Quando chegava a vez de dizer: “O uso de carvão pulverizado!”, o Patrão corrigia: “Ou não!”, como se uma tendência pudesse coexistir com a sua contrária! e, ... se a memória traísse o infeliz, na descrição total das “tendências”, o velho professor, desencostava-se e de dedo em riste lembrava-lhe:
"Falta uma!"
No início da década de 40 do passado século, havia um professor de avançada idade que, tendo sido nomeado Director da Faculdade de Engenharia, não se dispensara de reger a cadeira de Teoria Geral e Descrição de Máquinas, que era comum a todos os ramos da Engenharia.
Antes do início das aulas teóricas, enchia o quadro preto com os tópicos da matéria que iria debitar, e como não eram marcadas faltas e havia “sebentas” de anos anteriores com reprodução fiel do que constava dessas aulas, a assistência era muito reduzida.
Depois de se terem observado os seus exames finais, chegou-se à conclusão de que o seu leque de perguntas era muito reduzido, pelo que se generalizou a ideia de que para ser aprovado, bastaria estudar o que constasse de um “disco” que era passado entre os alunos. Quem não soubesse responder às perguntas desse “disco”, estava irremediavelmente reprovado. Uma pergunta do “disco” era a descrição da “caldeira de retorno de chama”, que, já nessa data, só alguns barcos usavam. E reprovou um desgraçado, que não acertou com a localização da porta da referida caldeira, depois de ter desenhado todos os seus componentes e de ter dado todas as explicações, só porque: “Quem não sabe isto, não passa!”.
Outra das perguntas era: “Quais as tendências modernas na construção das caldeiras?” … e isto numa época em que o uso de caldeiras para produção de energia estava em acentuado declínio, dando lugar aos motores Diesel e de explosão. Todavia, ele parecia ignorar o facto, pois sobre eles nem uma palavra dizia.
Os alunos que tinham conhecimento do “disco”, sabiam o modo como ele gostava das respostas, mas os que só tinham estudado pelas “sebentas”, reproduziam o que delas constava, e começavam dizendo:
"As tendências modernas na construção das caldeiras são 14!"
Aí, ele irritava-se e reagia:
"Não sei se são 14, se são mais ou se são menos! Diga lá quais são!"
E o inferiorizado examinando, num esforço de memória, desatava a mencioná-las uma a uma, de acordo com a “sebenta”. Quando chegava a vez de dizer: “O uso de carvão pulverizado!”, o Patrão corrigia: “Ou não!”, como se uma tendência pudesse coexistir com a sua contrária! e, ... se a memória traísse o infeliz, na descrição total das “tendências”, o velho professor, desencostava-se e de dedo em riste lembrava-lhe:
"Falta uma!"
terça-feira, 5 de abril de 2011
Rentes de Carvalho
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Não acreditas?
domingo, 3 de abril de 2011
Coisas que nos ficam
O meu tio Elviro (1918-2009) foi poeta, escritor, tradutor, publicista e professor. Marcou gerações pela sua forma diferente de ensinar.
Mal querido por Viana do Castelo, foi acolhido em Faro que viria a homenageá-lo com Medalha de Mérito e nome na toponímia da cidade.
Atribui-se-lhe este dito, com que mimosiava quem proclamava crenças infundadas:
E você também acredita na autenticidade das hermenêuticas?, no fenomenal critério de salabardote?, na Psicologia Dentária das multidões?, no Strongylocentrotus lividus? e no Brachionus urceolaris?
sexta-feira, 1 de abril de 2011
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